segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SER EVANGELHO



"Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (S. João 20:21).

Hoje o que mais temos são discursos. Principalmente depois que a internet surgiu e tornou-se amplamente disponível, muitos, mas muitos mesmo querem dar uma opinião e discursar sobre qualquer coisa. E como as pessoas, em geral, são corajosas quando estão atrás da tela do computador! 
Mas estamos aí, com o mundo indo de mal a pior, cheio de desonestidade, falta de ética, de princípios, de respeito e de amor. Este é o século da comunicação e também da incoerência. Incoerência porque a maioria reclama, protesta, mas não faz nada de positivo ou pior: é tão desonesta e imoral quanto as pessoas ou condições que denuncia.
Jesus Cristo, revelação do amor de Deus pela humanidade, o próprio Evangelho que, como afirmei na postagem anterior, não é um discurso, mas realidade, quer que também sejamos Evangelho e realidade.
Jesus Cristo é um discurso vivo, de carne e sangue. Ele não disse aos leprosos: "eu os curo", mas os tocou. Ele não disse a Zaqueu: "eu o perdoo", mas comeu com ele. Ele não consolou Maria, dizendo: "meus sentimentos, irmã, pelo falecimento de seu irmão", mas chorou em silêncio com ela. Não orou a Deus pela salvação da samaritana, mas dialogou com ela e diálogo inclui ouvir, prestar atenção, demonstrar interesse. 
Para Jesus era pouco afirmar que as crianças têm que ser respeitadas na Igreja e sociedade. Por isso, tomou-as em seus braços e lhes impôs as mãos, abençoando-as. 
Jesus não quis dar um discurso sobre humildade aos discípulos, mas lavou seus pés. Não ficou gritando pelas praças que devemos nos doar uns aos outros, mas foi e doou-se incansavelmente aos pobres e enfermos, aos gentios; deu seu verdadeiro corpo e seu verdadeiro sangue para serem ceados pelos discípulos; entregou-se na cruz pelos pecados da humanidade. Portanto, Jesus não é um homem de discursos, mas de atitudes.
A questão colocada aqui é que nós, cristãos, fomos enviados por Jesus DA MESMA FORMA que ele foi enviado pelo Pai. Se Jesus é uma pregação viva, de carne e sangue, o autêntico Evangelho, Palavra que anda, chora, aconselha, toca, pega em seus braços, impõe suas mãos, lava os pés dos outros e morre pelos outros, também devemos ser o mesmo.
Nós somos o Evangelho na terra. Bem gostaria que nós, cristãos, ao invés de sairmos discursando por aí, dizendo o que Deus quer ou não quer, fôssemos Pregações vivas, de carne e sangue. Tudo bem, o mundo precisa de que se pregue: "Jesus o ama", ele quer ouvir isso, porém muito mais precioso que pregar isso é amar. O mundo precisa da Pregação do perdão de Deus, entretanto ele precisa muito mais de nosso perdão. O mundo não sabe que Deus está próximo e que o quer, e é necessário que anunciemos isso, porém a melhor pregação é a nossa presença amorosa.
Por favor, não confunda Evangelho com teoria ou doutrina. Evangelho é atitude de Deus para conosco. Se você quer ser um bom pregador do Evangelho, entenda que ser Evangelho é ter carne e sangue, é oferecer carne e sangue para serem consumidos, quer dizer: estar próximo, não julgar, ouvir, prestar atenção, amar, compadecer-se, tocar, chorar junto, olhar nos olhos, silenciar-se, importar-se. O mundo com razão está farto de discursos. A Igreja não deve ser a portadora de mais um discurso. Que sejamos Evangelho vivo, Pregação viva, Jesus Cristo vivo para quem está distante de Deus. Que qualquer pessoa sobrecarregada de pecados encontre descanso ao nosso lado, assim como muitos encontraram em Jesus. E que a partir de nossa vida de entrega, as pessoas sejam atraídas a Jesus, porque é impossível encontrar-se com um cristão autêntico e não encontrar-se com o próprio Senhor.



Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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