sábado, 8 de agosto de 2015

ALICES E SEU PAÍS DAS MARAVILHAS



Lá vão as Alices em seu país das maravilhas, espalhando charme, perfumes importados, sorrisos e roupas finas. Lá vão as Alices em seu país das maravilhas, falando de suas viagens, de suas famílias perfeitas e de sua vida sem problemas. Lá vão as Alices em seu país das maravilhas, disputando quem é mais feliz.
Essas Alices vivem em seus mundos hermeticamente fechados, protegidas de todas as desgraças que assolam o mundo. Têm suas sociedades, suas igrejas, seus clubes, suas festas, tudo politicamente correto, limpo, de bom gosto e feliz.
Essas Alices sentem medo somente quando se lembram dos malvados pobres. Eles são bons à medida em que se calam e executam seu serviço sem reclamar. Se lhes servem comidinhas, lavam suas roupas, passam suas roupas, lavam seus carros, trabalham em suas casas e empresas, são muito bons, contanto que fiquem calados. Se abrirem o bico, tornam-se ameaçadores.
Essas Alices acham que tudo tem preço, até mesmo o silêncio desses pobres. Fazem jantares beneficentes,leilões, shows, com os quais, sem muito esforço, aliás, com muito prazer, angariam algum dinheiro, o que baste para manter os pobres quietos.
As Alices nunca sofrem. Afinal, elas têm dinheiro e dinheiro serve para isto: para poupar-lhes do sofrimento. O que chamam de sofrimento, os pobres bem chamariam de frescura. Nunca sofreram, nem sofrerão, enquanto tiverem dinheiro e viverem hermeticamente fechadas em seu país.
Exatamente porque nunca sofreram, não sabem o que é sofrimento, muito menos como lidar com ele. Quando o veem, ligam para a polícia, levantam o vidro do carro, mudam de canal, culpam o governo, isso quando não culpam quem sofre de ser desajuizado, desajustado, vagabundo e imprudente.
Vão por aí as Alices em seu país das maravilhas, com seus sorrisos fabricados por cirurgiões plásticos e seus olhares perversos. Ah, porque olhar não dá para ser corrigido por nenhum ponto de vista, por teorias, muito menos por cirurgia plástica.

"Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição" (S. Paulo).



Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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