sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

PAI NOSSO DAS FAMÍLIAS - E PERDOA-NOS AS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO NÓS TAMBÉM PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES





Pai querido,

Com muita tristeza e humildade venho confessar-te a minha condição de pecador.
Sou pecador. Nada faço que esteja isento de pecado. Seria muita hipocrisia de minha parte tentar enumerar meus pecados, porque tudo o que faço não está livre da carne.
Tu sabes que te amo. É desejo sincero meu acertar e, graças à ação de teu Santo Espírito em mim, tenho progredido em minha santificação.
Eu te amo com um amor que me dás, porque minha carne não te amaria, não fosse o teu amor em mim. Eu te obedeço com a fé que me dás, porque minha carne não te obedeceria, ainda que fosse o homem mais reto do mundo, pois não há obediência verdadeira onde não pões espírito.
Minha santidade começa em ti, passa por minhas limitações e termina em ti.
Quando considero as minhas obras segundo tua Lei, não encontro uma sequer que seja perfeita e esteja livre de teu juízo. Por isso, minha consciência se agarra à promessa de que perdoas continuamente meu pecado contínuo.
Minhas ofensas contra ti são inumeráveis. 
Por outro lado, as ofensas contra mim eu consigo facilmente contar. 
Eu lamento, Senhor, não conseguir perdoar algo que posso contar com os dedos da mão, quando sou perdoado por ofensas inumeráveis.
Querido Pai, como nós temos sofrido devido à falta de perdão!Temos uma dificuldade tremenda para perdoar. E de onde nos vem essa indisposição? 
É que associamos o perdão à fraqueza. Achamos que reter o perdão é uma questão de honra. Nós não perdoamos porque temos brio. Achamos que é um grande desaforo conceder perdão a quem julgamos não merecer. Achamos que o perdão dará brechas para que mais ofensas nos sejam dirigidas. Enfim, sentimo-nos fracos, palermas e até traidores quando perdoamos.
Mas se perdoar é fraqueza, tu és o ser mais fraco que existe, pois não há quem se iguale a ti no perdão. Portanto, perdão não há de ser fraqueza.
Quando coloco ódio e perdão lado a lado, vejo que odiar é muito mais fácil e cômodo do que perdoar. Não há necessidade de ser forte para odiar. É um sentimento que nos vem naturalmente, sem qualquer esforço.
Alguém se opõe ao direito de uma mãe odiar quem matou seu filho? Não! Pelo contrário, consideramo-lo muito justo.
O ódio é algo justo e honesto aos nossos olhos. Para isso existem leis que nos dão plena razão ao odiar e nos oferecem a oportunidade legal de nos vingarmos de nosso próximo.
Perdoar, porém, é dificílimo e requer muita bravura. Ele é resultado de um duro embate entre mérito e graça, entre direito e liberdade, entre hombridade e humildade. De fato, é necessário que vençamos nosso orgulho e nos humilhemos, para que possamos perdoar. É necessário que nos dispamos da honra, da respeitabilidade, da relevância e da dignidade que julgamos ter para poder perdoar. É necessário que decaiamos do conceito que temos de nós mesmos e nos nivelemos ao ofensor. Vou além: É necessário que enxerguemos o ofensor em nós, para que possamos perdoá-lo.
A sociedade muitas vezes vê o perdão como algo ignóbil e injusto. Muitas vezes é interpretado como loucura ou traição. Então te pedimos, Senhor, que nos ajudes a ter bravura suficiente para nos humilharmos em direção ao perdão, enfrentando toda a resistência que existe dentro e fora de nós.
Embora o ódio seja mais fácil e aparentemente mais justo, ele é cruel, porque só promove destruição. Ódio é uma fome que não acaba. Não há reparação que a sacie.
Enquanto houver ódio, o conflito permanece. A culpa passa, o culpado passa, mas o ódio permanece,obrigando-nos a lutar contra o que não mais existe. Com isso, nosso vigor se esvai. 
O ódio é um devorador do tempo e de nós mesmos. Consome memórias, acorrenta-nos ao passado e, como somos feitos de história, priva-nos de nós mesmos e do que podemos ser.
O perdão, por sua vez, frutifica a paz.
O primeiro a provar a doçura dessa paz é quem perdoa. A paz fica sendo a sua recompensa, após tanto esforço.
Depois, a paz contagia outras pessoas. Porque se somos contagiados pela amargura do ódio, também podemos ser contagiados pela doçura da paz. O efeito do perdão, ou seja, a paz, é, sem dúvida nenhuma, sua maior propaganda.
Portanto, não devemos desistir do perdão. Ele é o caminho estreito que conduz à vida.
Olho para nossas famílias, Senhor, e me preocupo com o ódio que há dentro delas. O pior ódio que existe é aquele que há entre pessoas que se amam. Por isso mesmo, o pior ódio do mundo não está no Boko Haram ou no Estado Islâmico, como se pensa, mas no seio das famílias.
É óbvio que o risco de ofender alguém é maior quando convivemos com ela. Quanto maior a intimidade, maior o risco de ofensa. Também é verdade que quanto mais amamos, mais grave é a percepção da ofensa. É por isso que a tentação do ódio é muito grande nas famílias.
Mas como é duro odiar quem amamos! É tão duro ter que, em nome do ódio, apagar todas as lembranças boas e todo o bem que recebemos da outra pessoa! É uma verdadeira mutilação de nós mesmos.
Se odiar alguém que nunca amamos é um fardo pesado, que dirá o ódio que temos por alguém que nunca deixará de fazer parte de nossa história e de nossa vida?
Meu bondoso Pai, vem em nosso socorro e ajuda-nos a perdoar, pois só assim teremos paz. Queremos paz, mas ela só será conquistada pelo perdão.
Por isso, Pai, nós te pedimos a bravura de perdoar, seguindo teu próprio exemplo.  
Que assim seja!





Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

MORTE, SEJA BEM-VINDA!


"Levamos sempre em nosso corpo mortal a morte de Jesus, para que também a vida dele seja vista no nosso corpo" (2 Coríntios 4:10).

Será que algo nos perturba mais que a morte? É provável que não. Nossa alma tem horror à ideia de morte. Ela deseja sempre coisas elevadas, como perfeição e imortalidade. Queremos uma vida que impacte outras vidas. Queremos ser lembrados. Não queremos partir sem deixar pegadas que nos imortalizem. 
Em quase tudo o que fazemos, queremos a continuidade e a vida. Provavelmente é esta a razão que me leva a escrever.

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada" (Fernando Pessoa).

Aqui está um desabafo profundo demonstrando o horror que temos à ideia de morte, como sinônimo de fim e nada. De fato, não podemos querer ser nada. É intrínseco ao homem o desejo de existir, nem que seja na lembrança dos outros.
Mas reflitamos um pouco sobre o significado da morte. Ela de fato nos conduz ao nada, ao não ser?
Somos seres imperfeitos que buscam a perfeição. Ora, tudo o que é imperfeito terá que passar por sucessivas mudanças para chegar à perfeição. O velho tem que morrer para ceder lugar ao novo. É então que somos confrontados com a morte como algo necessário, pois sem ela as mudanças são impossíveis. Se o velho não morrer, não haverá novidade nem mudança. Permaneceremos os mesmos. No entanto, almejamos a perfeição. Por isso, mesmo sem saber, sofremos a morte a vida toda, em busca de melhorias.
Vivemos em um universo marcado pela ciclicidade. Algo necessariamente tem que morrer, para ceder lugar ao novo, em cada ciclo. Portanto, sem morte, os ciclos não se fecham e a renovação não acontece. É assim que o ocaso para um é a manhã para outro. O término de um dia é o começo de outro. O erro é o princípio do acerto. E assim por diante.
Então concluo que a morte é boa em si mesma, porque abre espaço para mudanças e possibilita recomeços. A morte não deve ser associada ao nada, mas ao reinício. Ela está a serviço da vida.
Quando não aprendemos a compreender a morte como algo benéfico, essencial para nosso aperfeiçoamento, a existência se torna um fardo insuportável, porque a morte está sempre presente. Causa repulsa à alma a ideia de ter nascido para a morte, para o fim e para o nada. Quando, ao contrário, aprendemos a enxergar a morte como parceira da vida, ela se torna para nós algo belo, bom e desejável, ainda que incômoda.
Agora olhemos para nós mesmos e questionemos o que há em nós que precisa de recomeço.
Onde houver necessidade de recomeço, a morte terá que passar por ali. Caso contrário, não haverá mudança. 
É incrível como somos apegados às coisas e o quão comodistas nós tendemos a ser. Quantas vezes só saímos do lugar porque fomos visitados pela crise? Insistimos na manutenção do que somos e temos preguiça de crescer.
Quanta coisa está falida em nós? Enquanto insistirmos na vida do que está falido em nós, não provaremos a novidade e não cresceremos. Ficaremos estagnados.
Quando S. Paulo diz: "Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra", ele nos conclama a sempre rever o que há de velho, obsoleto e danoso em nós, para que reparos sejam feitos. O que está me prendendo? O que está me privando de mim mesmo? O que está tornando pesada minha trajetória?
É então que a bendita morte deve entrar, para possibilitar o recomeço. Somente morrendo para o que somos é possível renascer para o que podemos ser.
Jesus não quer que permaneçamos parados naquilo que somos. Ele deseja morte constante, para que a ressurreição aconteça, de maneira que estejamos sempre em processo de renovação. Não é cristão ficar estagnado, acomodar-se aos defeitos, fechar-se em conceitos e impressões. Jesus não quer uma Igreja estática. 
As mudanças são necessárias, porque não somos perfeitos, e todas elas surgem da morte. 
Quaresma é um tempo de morte. Período litúrgico em que somos convidados a nos despojar de nossos excessos, daquilo que nos descaracteriza, de tudo o que disfarça nossa precariedade, para que possamos analisar com coragem nossa nudez, onde estão nossas limitações, nossas feridas, nossa essência. Só então saberemos o que precisa ser mudado em nós.
Que Deus nos ajude a detectar em nossa nudez o que precisa da morte, o que precisa deixar de existir, para que possamos recomeçar. Não queiramos reter o velho. Deixemos que o velho morra, para que venham o novo e o inusitado.
"Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em NOVIDADE DE VIDA" (S. Paulo).
Que nossa vida seja dinâmica, marcada por mortes e ressurreições, tendo sempre Jesus como referencial. Amém!


Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PAI NOSSO DAS FAMÍLIAS - O pão nosso de cada dia nos dá hoje



Querido Pai,

Fome é o que sentimos. Somos necessitados e necessidade significa fome.
Do começo ao fim da vida, todos os dias, somos marcados por ela.
A primeira coisa que buscamos, ao nascer, é ar para respirar. Logo em seguida, o seio materno. Fomes de sobrevivência!
Ao morrermos, temos fome de presença e de coragem.
Quantas são as necessidades humanas tantas fomes nós temos.
Mas do que precisamos? Nosso corpo tem suas necessidades. Nossa alma também tem as suas.
Embora nosso corpo necessite de pouca coisa, nossa alma é complexa e inquieta, devido a incontáveis fomes. 
Assim nos fizeste: Complexos e com fomes incontáveis.
Não necessitamos somente de alimentos. Necessitamos de carinho, de olhares, de aconchego, de paz, de acolhimento, de perdão e de muitas coisas que seria impossível enumerar.
Então, querido Pai, olhamos para nossas famílias e percebemos o quanto estão famintas, mesmo as mais abastadas.
Ajuda marido e mulher a saciarem mutuamente suas fomes. Um cônjuge pertence ao outro. Retira-nos de nosso egoísmo e ajuda-nos a viver esse ensinamento de S. Paulo. Dá-nos um amor verdadeiro, que se expressa em entrega, sem se importar com as consequências disso.
Que não falte às esposas um cônjuge que as escute, que as surpreenda, que as ampare em sua fragilidade e que defenda sua honra. Que não falte aos maridos uma esposa que os acolha, que crie ambiente propício para que eles possam revelar suas fraquezas, que os aconselhe, que os olhe com ternura, que não os desonre com sua insubmissão e que não os fira com palavras pesadas. 
Que um não prive ao outro do amor conjugal.
Dá aos pais que sejam ternos com seus filhos. Vem, bondoso Pai, ensiná-los a serem pais. Que não se preocupem apenas com a fome corporal de seus filhos, pois de todas as fomes que eles têm, certamente essa é a menor. Que saibam ouvi-los, brincar com eles, elogiá-los e corrigi-los. Que sejam pais compreensivos e presentes.
Pai querido, adultérios e divórcios estão acontecendo porque cada qual quer saciar suas fomes, sem se importar com as fomes do outro. Muitos filhos estão sendo privados dos alimentos mais essenciais, que são a base de uma autoestima bem estruturada e de uma vivência fecunda de sua cidadania.
Quero também, bondoso Pai, pedir-te o principal alimento, que é Cristo, o verdadeiro pão. 
Ainda que marido e mulher vivam plenamente a vida conjugal e o amor. Ainda que os pais sejam afetuosos e prudentes na educação dos filhos. Ainda que lares se fundamentem sobre padrões éticos ou morais sólidos. Ainda assim permanecerá essa fome, que deveria nos conduzir a ti. Outra fome nos conduziu ao seio materno. Mas infelizmente, devido ao pecado enraizado em nossa natureza, não somos levados por essa fome a ti. 
Temos fome de um amor estável, imutável, que jamais morra. Queremos um amor que não cesse devido aos nossos erros ou em decorrência da morte. Queremos um amor que sublime o nosso. Nossos amores, por mais verdadeiros que sejam, estão sujeitos ao fim, têm seus limites e são incapazes de perdoar tudo.
Perseguimos ou somos perseguidos por um ideal de amor, do qual nossos amores são apenas sombras.
Dá-nos encontrar esse ideal de amor na concretude de Jesus, para que nossa alma siga saciada, mesmo na carestia, desolação e desgraça corporais.
Que assim seja!





Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

PAI NOSSO DAS FAMÍLIAS - Seja feita a tua vontade, assim na terra, como no Céu




Querido Pai,
Tu és muito generoso com os teus filhos. Tão generoso és, que esperamos de ti sempre coisas boas e agradáveis, mesmo sabendo que não as merecemos. Queremos paz, conforto, saúde e prosperidade. São coisas que diariamente pedimos a ti, confiantes em tua bondade e misericórdia.
Quem de nós, porém, pede para ser atribulado e sofrer? Creio que ninguém. Tu, no entanto, és o nosso mestre e entendes que o sofrimento é necessário. Ajuda-nos, Papai do Céu, a entender isso também. 
Em cada sofrimento temos a oportunidade de crescer. Enquanto as coisas vão bem, raramente paramos para refletir. Sem reflexão, não é possível enxergar de um modo diferente a mesma realidade. Sem novas percepções da realidade, as mudanças não são possíveis.
Nossa natureza tende ao apego e à mesmice. Desse modo, calmaria não combina com reflexão e mudança. Aqui se diz, Papai do Céu, que em time que está ganhando não se mexe. Mas será que estamos ganhando? 
Quando as coisas vão bem, achamos que sim e queremos manter. Entretanto, tu enxergas o que não enxergamos e percebes a necessidade de mudança, onde não percebemos. Então permites o sofrimento, para nos conduzir à reflexão e à mudança.
Vem, Paizinho, amparar todas as famílias que estão passando por grandes tribulações, como separação, morte, doença e desemprego. Vem socorrer famílias que estão sofrendo devido ao "ódio santo".
Não temos como explicar o sofrimento. Por que ele tem que ser tão intenso, em algumas situações? Não sabemos.
Entretanto, tudo segue para o nosso bem. Que essa esperança não se aparte de nossas famílias.
Ajuda-nos, Pai, a entender que tu estás presente no sofrimento e que sofres conosco. 
Nossa compreensão será sempre limitada acerca de tudo. Enxergamos a parte. Tu enxergas o todo. Nem sempre o que é perda para nós é perda para ti. Mas tu nos observas com amor de pai, que permite ao filho caminhar e viver, expondo-se a muitos riscos, mas observando com solicitude e sofrendo junto.
Senhor, que nosso sofrimento nos sensibilize ao sofrimento do próximo. Talvez seja essa a principal mudança que esperas, quando permites que o sofrimento nos venha.
Só pode ser solidário quem está sofrendo ou já sofreu.
Então nós te pedimos, Papai do Céu, que o sofrimento não nos feche em nós mesmos, mas nos torne mais sensíveis ao sofrimento de nosso irmão.
Tua vontade é que cresçamos. Se não temos coragem suficiente para te pedir tribulações, queremos te pedir que cresçamos, através dos caminhos que tu julgares necessários. Mas não te apartes de nós, porque sem ti até a alegria nos faz mal. 
Que assim seja!





Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.