segunda-feira, 7 de setembro de 2015

PECADO ORIGINAL - PARTE 1



"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei. Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir" (Romanos 5:12-14).

Vivemos em um tempo em que não há mais pecado. As pessoas falam em erro, falha, mas evitam a todo o custo a palavra "pecado", por sua conotação religiosa. Se a sociedade está querendo viver sem Deus e religião, é de se esperar que uma palavra como "pecado" caia fora do vocabulário. É previsível isso.
Mas quero dirigir esta postagem, e as seguintes, aos que ainda acreditam na existência de Deus e do pecado. Quem não acredita, não sei se vale a pena continuar lendo.
Quero começar com uma pergunta: quando você pega um bebê recém-nascido no colo e o vê tão puro e angelical, você acredita na possibilidade de esse bebê ser um pecador? Se ele morrer ainda bebê, você acha que ele MERECE a vida eterna?
Houve um monge irlandês chamado Pelágio, que viveu no século V, que acreditava que sim, que todo bebê é criado por Deus tão puro quanto Adão no paraíso e que a queda humana é individual, por imitação. Quer dizer, a criança nasce pura e aprende a pecar através do convívio social. 
Essa opinião de Pelágio é muito atraente e creio que muitos que me leem concordariam com ela. É que, no geral, consideramos pecado aquele erro que é cometido voluntariamente. O pecado é frequentemente reconhecido como coisa deliberada e exterior, como assassinato, adultério, furto, mentira, etc. Assim funcionam nossos códigos jurídicos. Mas o mesmo não se dá na área espiritual, como veremos a seguir.
A inveja é pecado? Certamente que é. A Lei natural nos obriga a reconhecer que a inveja é pecado. Entretanto, quem é que decide invejar alguém? A inveja nos pega de surpresa. E há vários outros pecados que não decidimos cometer, como luxúria, vaidade, autocomplacência (amar a si mesmo mais do que a Deus), orgulho e desamor. Esses pecados são frequentemente ocultos a nós mesmos, ou seja, não temos consciência deles, e estão presentes até mesmo em nossas boas obras. Por isso, o salmista clama a Deus: "Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são OCULTAS" (Salmo 19:12). Santo Agostinho afirmou: "Ai da vida dos homens, por mais louvável que seja, se tu a examinas deixando de lado tua misericórdia".
E não pense que desamor e autocomplacência sejam pecados pequenos (se é que existem pecados pequenos). Eles transgridem o maior mandamento de todos: "AMARÁS, pois, o SENHOR, teu Deus, de TODO O TEU CORAÇÃO, DE TODA A TUA ALMA E DE TODA A TUA FORÇA" (Deuteronômio 6:5). Jesus declarou: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim" (Mateus 10:37). Também S. Paulo ensinou que "o cumprimento da lei é o amor" (Romanos 13:10). 
É impossível que alguém ame a Deus da maneira requerida por ele. Por isso, afirmo com toda a convicção que este pecado, a autocomplacência, é universal.
Então percebemos que pecado é toda transgressão da Lei de Deus, cometida não só exteriormente, mas também interiormente, mesmo quando não temos ciência dela e mesmo quando a detestamos. Disso já se pode depreender a possibilidade de pecado em uma criança. 
Também o pecado não é só um ato de desobediência. Ele existe mesmo na ausência de qualquer ato. A maldade humana é pecado por si só, mesmo quando não está obrando. 
Existe em nós não só o desejo recorrente de fazer o que é errado, como também uma inclinação para o mal. Você já conheceu alguém que nunca tenha pecado? Tenho certeza que não e certamente nunca conhecerá. De tal maneira essa inclinação para o mal está presente em nós que afirmamos naturalmente que "errar é humano". Seria isso por imitação, como pensava Pelágio? Se você der crédito à sua razão e for muito ligeiro, responderá que sim. Da mesma maneira que a criança aprende a andar, a falar e a usar o vaso sanitário, ela aprende a cometer atos pecaminosos com seus pais e sociedade. Mas será que todos aprenderam a autocomplacência e o desamor por imitação? Quem é que revela isso ao outro, para que se possa aprender dele? São pecados íntimos demais para serem reconhecidos até por quem os comete. No entanto, não há no mundo um ser humano sequer que esteja livre de tais pecados. 
Alguém poderá argumentar: Ora, nossa sociedade é individualista. Quem cresce nela aprende a ser autocomplacente. Então eu retruco: Somos autocomplacentes porque a sociedade é individualista ou a sociedade é individualista porque somos autocomplacentes? Aqui é importante que se defina quem veio primeiro: o ovo ou a galinha.
Quero também usar um outro exemplo, mais grosseiro: quem ensinou o pedófilo a ter esse desejo abominável por crianças? Ele aprendeu isso com os pais ou com a sociedade? 
Então veja que Pelágio estava muito enganado.
Que a inclinação para o mal é, em si mesma, pecado, basta usar de novo o exemplo da pedofilia. Ainda que um pedófilo resista arduamente à sua inclinação perversa, alguém acha que essa inclinação deixará de ser pecaminosa?
Estou usando um exemplo crasso porque inclinação para o pecado não é facilmente reconhecida como pecado. Eu tenho que recorrer a algo grosseiro e até chocante para que possamos entender que a inclinação para o mal é pecado também.
Mas agora quero apresentar o que as Escrituras dizem a respeito da maldade humana, dessa inclinação para o mal, que é considerada por elas verdadeiro pecado. Depois de haver feito isso, haverei, com a graça de Deus, de voltar à questão das crianças.



Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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