quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O JUSTO - PARTE 2


Jesus representou a humanidade inteira em sua obediência, julgamento, condenação, morte e ressurreição, eliminando todo o pecado. Eu e você estávamos nele quando tudo isso aconteceu. Entretanto, como já comentamos abundantemente na postagem anterior, a apropriação dessa graça depende exclusivamente da fé. Quem se recusa a assumir sua parte na humanidade de Jesus continua com seus pecados, com a consequência dele e senhor de seu destino.
É por isso que sem fé é impossível a salvação humana. Por outro lado, quem tem fé verdadeira em Jesus tem tudo: santidade perfeita, méritos infindáveis, está isento de pecado, livre da morte, ressurreto e já está imerso em Deus, conforme lemos em São Paulo: "Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo - pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (Efésios 2:5-6). Repare no tempo em que S. Paulo conjuga os verbos.
Portanto, quem tem fé já está salvo e já participa da herança de Jesus. Na verdade, quem crê já é Jesus. 
Esta é a suficiência da fé. Quem a tem não precisa de obras. Aliás, a fé recusa as obras como verdadeira afronta à graça que vem de Deus. Consoante a isso, declarou o profeta Habacuque: "EIS O SOBERBO! SUA ALMA É RETA NELE; MAS O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ". Também S. Paulo: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie"(Efésios 2:8-9).
Jesus é O justo. Só pode ser justo diante de Deus quem estiver unido a ele, através da fé.
A fé, no entanto, é coisa boa demais para ser gerada por nossa natureza caída. Quem anda em rebeldia contra Deus não pode aceitá-lo e amá-lo. É um contrassenso juntar rebeldia e confiança num mesmo coração. Mas para que não se pense que a rebeldia está longe demais, entenda como rebeldia o caminho das boas obras como meio de obter a bem-aventurança do Céu. Quem confia em suas obras está desconfiando da suficiência do que Jesus é e fez.
A fé é algo sublime, operada unicamente por Deus em nós e sem nós. Também Deus não a faz de maneira direta ou imediata, mas invariavelmente através do Evangelho. 
O Evangelho é a semente que germina em fé, pela ação do Espírito Santo. Quem lança a semente é a Igreja. Quem faz a semente germinar é o Espírito Santo.
Quando cremos, nós aderimos a Jesus em tudo o que ele é e em toda a sua obra, tornando-nos um com ele, de maneira que se cumpre em nós a Palavras: "Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade", etc (Salmo 15). O salmo enumera uma série de obras e virtudes jamais encontradas em um ser humano que esteja desconectado de Jesus. Portanto, quem crê em Jesus é também Jesus, pessoa justíssima e digna de adentrar o Tabernáculo do Senhor, inclusive o Santo Lugar. Quem não crê, ainda que exteriormente seja um santo, está perdido, em rebeldia contra Deus e certamente continuará morrendo, pense o que quiser pensar.
A justiça que vem da fé é a única que merece a herança de Jesus. Entretanto, quem é tornado justo dessa maneira não mais viverá em pecado. Quem pode crer em Jesus, tornar-se um com ele, possuir o Espírito Santo e continuar como antes? Tudo há de mudar. Então começa uma outra justiça em nós, esta sim operada por nós mesmos, por nossa mente e por nossos membros, com o auxílio do Espírito Santo. Assim declarou S. João: "Todo aquele que permanece nele (em Jesus) não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o confessou" (1 João 3:6).
Então a primeira justiça é a que de fato importa. É a justiça de Jesus, da qual tomamos parte através da adesão da fé. A outra justiça, que é operada por nós, é fruto da primeira justiça.
Vou ilustrar da seguinte maneira: se um rei muito bondoso resolvesse adotar um mendigo e torná-lo príncipe, é certo que esse mendigo não será mais mendigo e, se morrer no dia seguinte à declaração do rei, morrerá na condição de príncipe. Entretanto, se esse homem, que da noite para o dia foi feito príncipe, viver muitos anos, ele terá que aprender a ser um príncipe de fato, a portar-se como tal. Então virão muitos professores que o ensinarão a ler, a escrever, a comer, a sentar-se, a portar-se em sociedade, a administrar, etc.
Conosco é a mesma coisa. Deus nos aceita como Jesus a partir do momento em que nos é concedido crer nele. A partir de então nos tornamos Jesus e teremos que aprender a ser Jesus. É então que aparece o mestre Espírito Santo a nos ensinar o que e quem devemos amar, como devemos amar e o que devemos odiar.
Este é o dilema cristão de ser e não ser. Sou Jesus e ainda não. Estou sem pecado, mas ainda em pecado. Vivo na carne, mas sou Espírito. Estou no mundo, mas já habito o Céu.

"Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso FRUTO para a santificação e, por fim, a vida eterna" (Romanos 6:22).



Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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