sexta-feira, 8 de maio de 2015

MÃE, NOSSO ANJO DA GUARDA






Cada pessoa que passa por nossa vida deixa alguma contribuição. Alguns nos fazem muito bem. Outros passam rapidamente por nós, deixando apenas um olhar, um sorriso ou alguma palavra, da qual nunca nos esquecemos. Há pessoas que vêm e nos ferem. Então somos obrigados a perdoá-las e, com isso, também a crescer.
A dinâmica da vida é esta: nós nos transformamos, através de nossas interações.
Lembro-me de S. Paulo, que nos deixou: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus". Que dizer então da cooperação de nossa mãe na formação de quem somos?
Minha mãe é a principal representação do amor de Deus por mim. Como Deus tem me amado ao longo desses anos, através dela! Por meio dela, Deus me trouxe à existência. Serviu-se do corpo dela para me formar e para me manter vivo durante nove perigosos meses. Tudo isso Deus fez com o propósito de me amar no tempo.
Assim que nasci, tendo superado meu primeiro desafio, Deus me alimentou através dos seios dela. Na verdade, não só alimentou meu corpo com o leite, mas nutriu minha alma com paz, sossego, aceitação e aconchego, já incutindo em mim a sensação de que estava tudo bem. Sim, tudo estava bem, apesar das cólicas intestinais e da dor provocada pelas hérnias.
Os olhos de Deus me olharam através dos dela, cheios de ternura e de satisfação, enquanto eu mamava. De nada disso me lembro, é óbvio, mas não posso imaginar que tenha sido diferente, porque até hoje é assim que, vez ou outra, eu a flagro olhando para mim. Eu não tinha condições de entender nada, mas sorvia todo o afeto, que hoje coopera para ser quem sou.
Pelas mãos de minha mãe, Deus me levou até sua Santa Igreja Católica, onde me converteu, por meio do Batismo, fazendo com que eu me enchesse de fé. Como já incomodei minha mãe com relação à data em que esse milagre ocorreu! Ela não se lembra, infelizmente. Mas que importa saber em que dia isso se deu? O mais importante é que até hoje saboreio os frutos desse Batismo. A fé é tudo o que tenho e muito mais, por ser uma realidade escatológica, que me torna partícipe da Igreja e de Cristo, os quais possuo e não possuo. Se um dia perder essa fé, não restará absolutamente nada em mim. Portanto, esse meu mais que tudo, muito superior aos meus valores, ao conhecimento, ao diploma, amizades ou casamento, enfim: superior a tudo o que existe, foi-me concedido por Deus, que agiu pela prioridade de minha mãe.
Através de minha mãe, Deus me ensinou a orar, a confiar nele nas pequenas coisas, como na cura de uma verruga, ou porque estava com febre e nauseado, ou porque acordei de madrugada e estava com medo. Por meio dela, ele me ensinou os Dez Mandamentos de maneira muito prática. Não me esqueço do dia em que minha mãe me fez devolver um livro que tinha o carimbo de uma biblioteca pública, quando então aprendi o "não furtarás". Os olhos de Deus estavam atentos sobre mim, cuidando de minhas companhias, de meus sentimentos, da formação de meu caráter. Era necessário me proteger, mas sem excessos. Quando chegava em casa chorando, dizendo que alguém havia me batido e inventava alguma história que me inocentava, Deus me censurava: "Eu te conheço, menino!"
Deus me levava aos cultos de lotação. Que saudade eu tenho de passar por debaixo da catraca do cobrador! Que saudade eu tenho de voltar do culto a pé com esse meu anjo, fazendo bagunça pelo caminho e comendo um "X-especial". O cheiro do milho e da maionese desse sanduíche!
As coisas que mais nos marcam não são brinquedos caros, nem festas de aniversário, nem viagens ou alguns tapas na bunda, mas o cheiro do milho e da maionese. Que necessidade eu tenho agora de sentir o cheiro da presença! Aliás, são muitos os cheiros e gostos da presença: a sopa de macarrão com legumes, quando estava doente. Adorava adoecer só para tomar essa sopa! O gostinho da pamonha esquentada na água ou da carne de porco guardada na banha, que minha mãe fritava e me dava para comer com farinha de mandioca. O cheiro do Tang. O gostinho do ovo quente, do Biotônico Fontoura e do elixir de inhame, para "limpar o sangue". O cheiro do suor de uma mulher muito trabalhadora.
Orar é amar. Deus conhece muito bem as nossas necessidades. Ele não precisa que alguém lhe informe diariamente o que está acontecendo. Mas orar é amar. Como sou amado através das orações dessa minha mãe até hoje! É tão confortante saber que, em momentos de tribulação, que não são poucos, alguém está pensando em você e orando, orando e orando. Com que prazer Deus fez o que faria de qualquer maneira, através das orações de minha mãe! Quando Deus realiza algo por intermédio da oração, ele está realizando algo através do amor que há entre nós. Deus gosta de nos amar por meio de nosso amor.
Nunca precisei dizer à minha mãe que não estava bem. Ela decorou todos os meus olhares e tons de voz. Ela percebia cada grama de peso que eu perdia, durante os anos da faculdade. Quem ama tem prazer em servir. Quando não há motivo para servir, nós inventamos algum. É assim que, mesmo tendo ganhado peso, ela sempre achava que estava um pouco mais magro. Isso a motivava a fazer para mim as comidas que ela sabia que eu gostava.
Deus me amou e ama muito através dela. Foi ela quem me ensinou na prática o quanto Deus me deseja, espera e é misericordioso. Minha visão atual sobre Deus dependeu muito dela.
Não há amor maior do que o de mãe, excetuando o amor de Deus. É o único amor incondicional entre os seres humanos. Por isso, mulher, nunca se esqueça do privilégio que tem de ser a portadora do maior amor que Deus nos concedeu. Bem-aventurada foi a Virgem Maria, mãe de Jesus, assim como é bem-aventurada toda mulher que vivencia esse amor. Porque se felicidade é amar, não há no mundo felicidade maior que a maternidade. Somente você, mulher, pode amar desse jeito.
A todas as mães que me leem, meus parabéns! 
À minha querida mãe, meu anjo da guarda, materialização do amor de Deus por mim, meu muito obrigado!



Autoria: Carlos Alberto Leão.


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