domingo, 28 de dezembro de 2014

Ó TEMPO SANTO DE NATAL!




Natal bendito, tu nos revelas até onde o amor pode chegar.
Deus nos ama tanto que se tornou um de nós.

Se pararmos para refletir sobre tão grande milagre, ficaremos aturdidos e constrangidos a amar mais e mais.

"O amor de Cristo nos constrange"(S. Paulo).

Deus, espírito santíssimo, imutável, incriado, eterno e infinito assumiu nossa carne corruptível, mutável, sujeita às vicissitudes do tempo, limitada pelo espaço. Através da encarnação, o criador tornou-se criatura.

É como se o Universo se limitasse ao espaço de um grão de pó. Porém é muito, muito mais! Vai muito além.

A vida de Deus é entrega. Foi concebido através de uma mulher simples. Nasceu na pobreza de uma estrebaria. Assumiu a forma de servo. Serviu a todos que tiveram a graça de cruzar seu caminho. Serviu a toda a humanidade através de sua obediência e morte na cruz. Ele se sujeitou à sua Lei e foi severamente condenado por si mesmo. Ele é juiz, mas se fez réu. "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões" (S. Paulo).

A quanta ignomínia Deus se sujeitou, na pessoa de Jesus!

Como Deus pôde se rebaixar tanto?

É que a vida de Deus é entrega. Ele enviou e envia seu Santo Espírito para nos moldar conforme a sua vontade. Envia vida e renova todas as coisas, através de seu Espírito. Essa transformação em nós não lhe traz benefício algum. O benefício é todo nosso.
A vida de Deus é entrega. Deixou-nos suas simplicíssimas palavras, que confundem os sábios do mundo e "sapientificam" os ignorantes. Essas palavras não o melhoram. São palavras que ele nos deu, para a nossa salvação.
A vida de Deus é entrega. Pois o mesmo corpo que Maria apanhou nos braços e o mesmo sangue que jorrou no madeiro, ele hoje oferece através do pão e do vinho, como sinais certíssimos da remissão dos pecados e de nossa pertença a Ele. Essa generosidade não lhe traz proveito algum. Mas a nós, sim!
E o que ele pede em troca por tão grandes benefícios? A fé? Não, a fé ele também nos dá.
Deus é todo gratuidade.
Deus é entrega gratuita porque é sumo Amor.
E então devemos olhar para nós e procurar esse amor, implantado em nós desde o santo Batismo. Se Deus está em nós, certamente há um potencial infinito de amor em nós. "O amor de Deus é DERRAMADO  em nosso coração pelo Espírito Santo, QUE NOS FOI OUTORGADO" (Romanos 5:5).
Mas o quanto temos usado desse maravilhoso e infinito depósito? Temos sido gratuitos em sua distribuição?
Amar com gratuidade, sem desejar recompensa, sem buscar elogios, sem desejar retribuição, sem desejar um "muito obrigado" ou um olhar de prazer. Amar com gratuidade. Amar sem querer evolução espiritual. Amar, mesmo que não haja coroa ou Céu. Amar, mesmo se nosso destino for a morte e o inferno.  
Pela salvação dos judeus, São Paulo desejou para si o inferno. "Sinto uma grande tristeza e uma dor sem fim no coração por causa do meu povo, que é minha raça e meu sangue. Para o bem desse povo, eu mesmo poderia desejar receber a maldição de Deus e ficar separado de Cristo" (Carta ao romanos 9:2-3).
Ah, pare! Isso é uma insuportável utopia! É impossível ao homem fazer qualquer coisa sem desejar retribuição. São Paulo falava da boca para fora! alguém poderá dizer.
Não, esse amor gratuito é o depósito que Deus fez em nosso coração, no dia em que recebemos as santas águas do Batismo. Eu posso retê-lo ou distribuí-lo, conforme minha coragem.
Lembro-me da parábola dos talentos. O que tenho feito com o meu depósito? Muitas pessoas estão sendo beneficiadas? Ou tenho usado esse meu depósito somente para satisfazer meus próprios interesses?
Alguns não fazem nada com seu depósito. Outros querem rendimentos para si. Outros apenas saem distribuindo o que possuem, na esperança que renda na vida dos outros. São disseminadores do amor de Deus.
Meu Senhor e meu Deus, ajuda-me a me entregar. Que minha vida seja uma entrega. Se o medo vier, ajuda-me. Se as consequências vierem (e certamente virão!), ajuda-me a assumi-las.
Os frutos do amor nem sempre são saborosos. Muitas vezes colhemos dissabores, decepções, inveja, oposição gratuita e ferrenha, malícia e incompreensão, depois de semearmos amor.
Amor e sossego não combinam. Quanto mais amamos, mais inquietos nos tornamos.
O amor não combina com "zona de conforto", pois nos conduz ao inesperado e ao perigo. O amor nos desaloja.
O amor não combina com protocolos, pois procura meios inusitados para solucionar problemas inusitados.
O amor não cabe em protocolos, pois é espontâneo, livre e tem pressa.
Se a dor da solidão e do desamparo visitá-lo ao amar, lembre-se que Jesus amou e, exatamente por isso, foi incompreendido, caluniado e crucificado.
Não pense que o amor trará consequências melhores para você. 
Ame, sem se importar com as consequências.
Eu creio que para o amor há recompensa. Quem semeia amor, é certo que haverá de colher amor. Mas eu só amo de verdade quando me esqueço da recompensa e prossigo em meu propósito.
Por isso, meu Deus, ajuda-me a crer no poder do amor e a não me importar com as consequências dele, sejam boas ou más.
Se o teu amor te conduziu ao abismo de nossa miséria, que eu, como teu filho, não me encha de pudores e de desculpas. Dá-me a ousadia de amar de verdade.
"E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará" (São Paulo).
Amém!





Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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