domingo, 28 de dezembro de 2014

CADÊ DEUS, QUE NÃO VÊ?






Talvez a pergunta seja: Por que Deus permite?
Há muito sofrimento neste mundo. E onde está o Todo-Poderoso Deus, que não interfere, que não impede, que permite?

Eis um mistério. Creio que Deus é bom, ainda que tudo o que me cerque seja ruim e mau. Creio que Deus tudo pode, ainda que veja em torno de mim densas trevas e angústia sem fim.
Eu creio. Não posso explicar minha fé. Não me proponho a harmonizar a onipotência e bondade divinas com o mal que há neste mundo, mas pretendo compartilhar algumas reflexões a respeito.

Jesus nos ensinou a parábola do filho pródigo. Eis um texto que não se esgota em sua exuberância de lições sobre a misericórdia de Deus.

O filho pediu ao pai que lhe desse sua parte na herança. O pai poderia ter recusado fazer isso, pois não estava morto ainda. Entretanto, deu ao filho o que ele havia pedido.
O rapazinho partiu para um outro país e dissipou todos os seus bens em prazeres sensuais.
Não tendo mais nada, foi deixado por todos. Além disso, sobreveio fome ao país e então a única oportunidade de trabalho foi alimentar porcos. No entanto, nem da comida que era dada aos porcos lhe era permitido comer.
Foi então que esse pobre jovem se lembrou de seu pai.
Voltou para a casa do pai envergonhado, desejando que o pai o recebesse como servo.
O pai, no entanto, o recebeu com amor.
Hoje questionei: Por que o pai lhe entregou a herança?
Por que o pai não foi atrás dele? Por que não foi buscá-lo?
O pai não fez nada disso. Somente aguardou. Homem sábio e experimentado que era, deu por certo o retorno do filho.
Acredito que Deus permite que erremos e soframos, para que possamos dar o valor devido ao seu amor.
É tão comum e banal termos um lar, cônjuge, filhos, saúde e comida.
É tão normal ter água para beber.
Entretanto, quando nos vemos privados ou ameaçados de perder qualquer uma dessas coisas é que percebemos o quanto elas são preciosas e o quanto nos são caras.
Para o rapazinho da parábola, era normal ter um pai, uma cama aconchegante e comida com fartura. Ele não via tais coisas como privilégios.
O pai permitiu que ele se afastasse desses tesouros, para que reconhecesse o seu valor.
Assim Deus age conosco. Ele permite que nos afastemos dele, para que então percebamos o quanto é bom estar perto dele.
Ele permite que percamos muitas coisas, para que possamos valorizá-las.
E assim, para evitar males maiores, permite que alguns males menores nos sobrevenham.
Não espere um divórcio para descobrir o quanto é precioso o amor que seu cônjuge lhe dedica.
Não deixe que seus pais morram para só depois descobrir o seu valor.
Cultive suas amizades! Quantas pessoas se vêem solitárias e suspiram pelas amizades perdidas.
Não deixe o amor de Deus. Não queira perder tudo para só então perceber o quanto Deus é bom e generoso.
Deus deixa ir! Ele não gerou fantoches. Ele nos gerou dotados de razão, vontade e afetos.
Deus deixa ir porque ama. Só existe amor onde há liberdade.
Por isso, Deus deixa ir. Ele sabe que ninguém nos ama como ele e que nenhum lugar é tão bom quanto sua casa. Ele tem por certo o nosso retorno.
Se você se sente injustiçado pela vida, reflita sobre isso! Não culpe a Deus por tudo ter dado errado. Muitas vezes só descobrimos o valor que as coisas têm depois de perdê-las. Não faz sentido culpar quem nos deixou perder para que possamos ganhar.
Somente a privação nos faz ter consciência do ganho.
Como terei consciência de um ganho, se antes não tiver perdido?
Lembre-se que Deus o aguarda. Ele sabe que seu retorno é certo.
Não será hora de voltar para casa? 


Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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