Um povo que aguardava um Reino Messiânico na terra certa feita depositou sua confiança em um nazareno chamado Jesus. Ele foi recebido por esse povo com louvores, enquanto ramos e vestes iam sendo lançados sobre a estrada por onde ele vinha, em Jerusalém. Um rei com aspecto pobre, montado em um jumentinho. Cena pitoresca! O desfecho dessa história, porém, foi trágico, pois quem deveria instaurar a paz em Israel e no mundo foi condenado à morte na cruz. Ressuscitou, é verdade, mas pouquíssimas pessoas daquela multidão tiveram a graça de vê-lo redivivo. Anos depois, Jerusalém foi sitiada pelos romanos e devastada, juntamente com seu Templo, e muitos foram levados cativos. Que decepção para esse povo!
É então que devemos refletir sobre as expectativas que temos lançado sobre esse mesmo Jesus de Nazaré. O que temos esperado dele? Muitos ainda estão aguardando um Reino Messiânico na terra, desejando que ele acabe com a pobreza, que instaure a justiça social, que acabe com as enfermidades, que nos liberte de nossos tiranos e que cristianize o Estado. Muitos ainda insistem num Reino deste mundo.
É evidente que irá se decepcionar quem espera tais coisas desse rei chamado Jesus de Nazaré. Ele é Senhor de tudo e assenta-se à destra de Deus, sendo Deus onipotente, mas continua pobre e amante dos pobres. Seu Reino não é de visível aparência, mas espiritual. Governa silenciosa e humildemente um povo pobre.
Ainda prega, mas através da figura de um ministro, homem pecador e pobre. Ainda perdoa, mas pela boca de seus ministros pobres. É recebido por seu povo através da pobreza do Batismo e da Eucaristia. Testemunhas de sua ressurreição são aqueles que conseguem vê-lo redivivo na Palavra. Não adianta clamarmos ao mundo que ele está vivo no meio de nós, porque não temos como demonstrar isso; seremos tidos por loucos! Chamar-nos-ão de Maria Madalena! Pois é com aspecto humilde, sentado em um jumento, que ele continua adentrando a realidade humana.
Não adianta querer outra coisa dele. Ele continua declarando: "Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo" (S. João 6:26-27). Não queira sufocar esse Jesus com suas expectativas. Deixe-o ser quem ele é!
"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus" (S. Mateus 5:3). Nenhum rico pode dar com esse Reino que Jesus trouxe. Somente quem é pobre pode ser governado por ele. Jesus é um rei pobre de um Reino pobre. Deus faz questão de uma Igreja pobre.
Não pense que seu cristianismo irá eximi-lo da cruz. Quem é cristão deve ser mortificado pela cruz. Essa cruz foi posta em nossos ombros para ampliar nossa pobreza. Também a paz de Cristo só floresce na aridez dos conflitos, pecado e perdas.
Jesus quer ser nosso único alimento, nosso único bem, nossa verdadeira riqueza. Para isso, é necessário que sejamos despojados de tudo o que tem aspecto de riqueza. Aprendamos com Jesus que o melhor discurso é o silêncio, a maior vingança é o perdão, a maior violência é o acolhimento, a arma mais poderosa é o bem e a maior riqueza é a pobreza. É na condição de pobre, revestido de nossa pobreza, que Deus quer vencer o mundo.
Autoria: Carlos Alberto Leão.
Autoria: Carlos Alberto Leão.
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