sábado, 26 de março de 2016

EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA

"Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" (1 Coríntios 15:16-19).


São Paulo coloca o Senhor Cristo como sentido da vida e a ressurreição como necessidade. Ela tem que ocorrer, para que nos unamos a Cristo para sempre. Não havendo ressurreição, de nada nos vale Cristo!
Cristo crucificado mostra-nos que fim teremos. Os homens são os únicos animais que têm consciência de sua morte. Cristo nos ensina algo ainda mais triste: que fim cada um de nós, cristãos, terá. É certo que iremos nos sentir sozinhos, sobrecarregados de pecados, teremos que lutar contra nossa carne e contra o diabo, movidos pela força da fé. Este fardo chamado morte é sempre solitário. Teremos de enfrentar a morte sozinhos, ainda que nos cerquem amigos, família e o próprio Deus.
Não pensem que Deus se tornará visível a nós em nosso momento. É evidente que não! Seremos mantidos por essa fé que cultivamos. Deus não irá agir contra ela, mas lhe dará espaço para que cresça infinitamente. Neste aspecto, a morte é um Sacramento, o último Sacramento para fortalecimento de nossa fé, na qual iremos descansar. 
Mas o que vem depois? Teremos que ficar especulando se nosso espírito irá regozijar-se no Céu, se é possível existirmos sem nosso corpo? Teremos que ficar especulando se nosso espírito terá lembrança ou não das coisas vividas aqui? Será que continuaremos sendo atribulados por penas temporais? Será que teremos que continuar nossa militância, intercedendo pelos vivos? 
Cristo nos dá a resposta sobre o que vem depois: "Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente".
Cristo não argumenta ou dá uma opinião a respeito da vida após a morte, que é tudo o que o mundo pode oferecer, mas ele se apresenta ressurreto à Igreja e pede que seja tocado, para que vejamos que o mesmo corpo que foi flagelado e que pereceu na cruz ressuscitou.
Salvos no sentido mais abrangente da palavra! Isto Cristo nos revela em sua ressurreição. São Paulo declara enfaticamente, no mesmo texto: "Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados EM CRISTO" (versículos 20-22). Cristo não ressuscitou para si mesmo. Pelo mesmo motivo que se fez carne, padeceu e morreu, é que ressuscitou. É para o nosso benefício que sua obra inteira foi realizada.
Esta mesma carne que hoje enferma, padece dores e geme será ressuscitada.
Estas nossas mãos que hoje operam a injustiça, que ferem, matam, acusam e roubam serão ressuscitadas.
Estes mesmos pés que insistem em nos levar para longe de Deus serão ressuscitados.
Esta mesma cabeça que pensamentos imundos poluem, que alimenta ódio, amargura, pessimismo e vingança será ressuscitada. Não outra!
Este mesmo corpo que se entrega ao deleite dos sentidos de maneira egoísta e irresponsável será ressuscitado. O mesmo corpo!
No entanto, Cristo nos possibilita uma ressurreição para a vida: "Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (S. João 10:10). A ressurreição é uma ação transformadora de Deus, não criadora, porque esta mesma carne que hoje nos traz desgosto será ressurreta, porém livre do pecado e da morte que se imiscuíram em sua essência, contanto que estejamos em Cristo, através da fé. Por isso diz S. Paulo: "O último inimigo a ser destruído é a morte" (versículo 26). Através da ressurreição desta nossa carne, a morte será destruída de vez. Seremos plenos de Vida, essencialmente Vida, assim como Cristo é a Vida (S. João 14:6). Deus haverá de devolver a nós a plenitude daquilo que o pecado está destruindo: A Vida!
Com isso, podemos então dizer que esta mesma carne que hoje jaz enferma será ressuscitada vigorosa para a verdadeira alegria.
Estas nossas mãos pecadoras serão ressuscitadas para o afago e comunhão.
Estes nossos pés que nos conduzem à vergonha haverão de ressurgir para nos possibilitar o encontro.
Esta nossa cabeça que produz e guarda pecados haverá de ressurgir para os pensamentos mais excelsos de quem participa do mistério de Deus.
Este nosso corpo que se deleita no pecado haverá de ressurgir para o deleite do Céu, onde tudo é sumamente aprazível. Este mesmo corpo e não outro!
São Paulo conclui o texto assim: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (versículo 58). Ele deseja que nos consolemos com a esperança de que as dores impostas ao nosso corpo pela cruz que carregamos, pelo mundo e pelo pecado serão abundantemente recompensadas quando este mesmo corpo ressuscitar. Cristo não reapareceu aos discípulos como espírito, mas como carne, com as marcas dos pregos e da lança, para nos mostrar que este mesmo corpo que hoje está sofrendo a tirania de Satanás haverá de nos ser devolvido sem qualquer corrupção, ileso, como se nunca a tivesse conhecido. Nisto devemos crer e, incitados por essa fé, vencer todos os inimigos de Deus.

Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.


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