sábado, 12 de dezembro de 2015

COMO SE TORNAR UM PRÍNCIPE DA PAZ?

"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, PRÍNCIPE DA PAZ" (Isaías 9:6).


Aproxima-se o Natal, mas alguém sabe onde se encontra o clima de Natal? Estou achando as pessoas tão tensas e cansadas! Quão minguados estão os enfeites e as luzes! Neste ano, o Natal irá chegar sem clima algum, ao que parece.
Acredito que a razão disso é que 2015 está sendo um ano difícil e as expectativas com relação a 2016 não são lá as melhores. Estamos de fato exaustos e com pouca esperança.
Por outro lado, quem sabe a falta desse "clima de Natal" nos favoreça em alguma coisa? Quem sabe neste ano o Natal se torne um pouquinho mais religioso e cristão? Pode ser que sim. Infelizmente, quando se fala em Natal, a primeira coisa que vem à mente é confraternização, amigo secreto, estar com a família, ceia, feriado ou presentes. Poucos são os que se lembram do primeiro Natal e conservam seu real significado.
A primeira coisa que me vem à mente, ao pensar em Natal, é paz. O profeta Isaías apresenta vários nomes para o Deus encarnado. O que mais se aproxima do verdadeiro espírito natalino, a meu ver, é o bendito nome PRÍNCIPE DA PAZ.
O que é paz? O mundo imagina a paz como sendo ausência de guerra, alcançada mediante acordos, alianças e concessões. Para obter a paz, houve até quem propusesse o fim de Deus, pois considerava que Deus é causa de inimizade. Infelizmente, esta proposta muito injusta foi ornada com linda melodia, tornando-se um hino de Natal, o que é uma enorme contradição! A letra é esta: "Imagine there's no Heaven / It's easy if you try / No Hell below us / Above us only sky / Imagine all the people / Living for today / Imagine there's no countries / It isn't hard to do / Nothing to kill or die for / And no religion too / Imagine all the people / Living life in peace". Propõe o fim do Céu, o materialismo, o epicurismo e o fim da religião como caminho para a paz.
O mundo é assim! Em sua busca pela paz, ele aceita fazer muitas concessões. O problema é que o mundo só faz concessões daquilo que para ele tem pouco ou nenhum valor. Se a paz custar a concessão de algo que lhe tenha valor, que a guerra permaneça. É por isso que a paz mundana é uma utopia. Que paz poderá resultar do barateamento do que é essencial? Como obter paz através de concessões do que é barato? O mundo não irá conseguir a paz através do pragmatismo.
Então veio ao mundo este menino chamado Príncipe da Paz. Quando adulto, disse aos seus discípulos: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14:27).
O Príncipe da Paz pregou uma forma de se obter a paz muito dura aos ouvidos do mundo: a paz terá que custar o meu esforço, a minha reputação e o meu direito. Não terei que empobrecer conceitos, mas valorizá-los e aceitar que sejam disputados, sem qualquer reação hostil de minha parte. Terei de assumir uma guerra interior para obter a paz exterior. Ele ensinou: "Não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mateus 5:39-41, 44). 
Não é pouca coisa a minha face, a minha túnica e minha capa. Não é pouca coisa conceder uma milha, quanto menos duas. Mas o caminho da verdadeira paz é abrir mão do que é meu por direito, do que me é caro, daquilo que continuo valorizando, mas concedo livremente. Isto se chama renúncia. Trata-se de um caminho sofrido, pois requer humilhação e empobrecimento em favor do próximo, coisas que o mundo não aceita. Se a guerra só acaba quando alguém ganha e outro perde, que seja eu a perder. Esta é a proposta do Príncipe da Paz.
Ao primeiro contato, essa proposta parece ser impraticável. De fato, é utopia achar que o mundo irá resolver seus conflitos através de renúncias; o mundo nunca estará pronto para isso. Mas a questão é: No que depender de mim, essa proposta continuará utópica? É certo que não posso mudar o mundo inteiro, mas posso mudar o meu pequeno mundo, meu contexto de vida, estabelecendo nele a paz, ainda que uma pequena paz. 
Eu vivo em meu lar, na igreja, no trabalho, no bairro e na cidade. Se eu quiser ter razão sempre, estar certo sempre; se eu quiser que minha vontade valha sempre; se eu me apegar à minha reputação e ao meu bom nome; se não tolerar dano próprio, algum tipo de prejuízo; enfim, se não houver alguma renúncia de minha parte, permanecerei inteiro, porém sem paz. É por isso que o mundo está em guerra. Se ninguém consegue fazer concessão do que realmente é valioso dentro de seu âmbito de vida, como esperar pela paz mundial? Os casamentos estão acabando porque ninguém renuncia a nada. Guerras familiares nunca acabam, porque ninguém renuncia a nada. Preferem a manutenção da guerra à renúncia. 
Mas de onde deve vir a renúncia? Não espere que o mundo renuncie a alguma coisa. Ele está disposto a conceder o que para ele não tem valor algum. Então, como cristão, é você que terá que renunciar. Só assim você será um pacificador, um príncipe da paz.
No início, quando abro mão do que me é caro em nome da verdadeira paz, meu coração se sente ofendido e uma guerra interior se instaura em mim. Afinal, sou carnal ainda. Mas essa guerra interior irá revelar o que precisa ser morto em mim. Cada gesto de renúncia vem mostrar em mim o que há de Adão para ser morto. Eu poderia muito bem conviver com minhas idolatrias, sem saber que elas existem, se eu não renunciasse a nada que de fato tem valor para mim. Este é o primeiro fruto da renúncia.
O segundo fruto e melhor, é que me torno príncipe da paz para o outro, evangelho vivo e esperança. Um gesto de verdadeira renúncia é sobrenatural, nunca passa despercebido, é evangélico e verdadeiramente salvífico. Vale mais que mil livros e dois mil sermões! 
O Príncipe da Paz renunciou somente à sua Divindade, ao seu Nome, ao seu conforto, ao seu tempo, à sua honra, à sua reputação, à sua família, ao seu nome e à sua vida para estabelecer a paz entre Deus e o homem. Sujeitou-se à Lei e concedeu-lhe tudo o que ela exigia, abrindo mão de seus direitos infinitos, em favor da paz.
Pois bem, o que ele conseguiu para si e para o mundo, eu posso conseguir para minha família, para meu ambiente de trabalho, para minha igreja e para meu bairro, como pequenino príncipe da paz. É só isso o que desejo: ser um pequenino príncipe da paz para meu contexto pequenino de vida.


Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.



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