quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

ALEGRIA

"Canta, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te e, de todo o coração, exulta, ó filha de Jerusalém. O SENHOR afastou as sentenças que eram contra ti e lançou fora o teu inimigo. O Rei de Israel, o SENHOR, está no meio de ti; tu já não verás mal algum. Naquele dia se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se afrouxem os teus braços. O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo" (Sofonias 3:14-17).






O próximo domingo é conhecido como Domingo da Alegria, porque a leitura do Antigo Testamento reservada para esse dia apresenta o Evangelho com todo o seu dulçor e convida a Igreja ao júbilo. Melhor, convida a Igreja à exultação de alegria, ao cântico, à dança, pois não foi esquecida por seu Deus e sua salvação é certa.
A Igreja de hoje não se encontra num estado muito diferente de outras épocas. Sempre foi duramente perseguida pelo diabo e pelo mundo. Também a Igreja padece sua própria carne, sua aparência ruim, marcada por pecado e escândalos, de maneira que é continuamente tentada a cair no pessimismo e desistir. 
Todos os domingos indubitavelmente são domingos da alegria, pois são memória da ressurreição. Mas reservar um domingo para refletir sobre a alegria que existe na Igreja é algo muito sábio, que se deve preservar. A Igreja não pode perder o seu sorriso.
O diabo e o mundo querem nos ver tristes. Acusam-nos, ridicularizam-nos, tentam calar-nos com seus argumentos, não tendo outra intenção senão retirar a alegria de nossa alma. Sim, que mais o mundo ganha ao criticar de maneira tão ostensiva a Igreja? O mundo quer retirar de nossos lábios o incômodo sorriso da pobreza.
Para o mundo, sorri quem possui bens, sabedoria, prestígio e poder. É muito incômodo ver nos pobres cristãos esse insistente sorriso. Afinal, que há nos cristãos que motive seu riso, já que são fanáticos, parvos, fracos, servis, atados por leis sem fundamento e por várias superstições? Deveriam, antes, abandonar essa sua crença e assumir um modo de vida melhor e mais digno. Assim pensa o mundo a nosso respeito, tentando-nos com esses argumentos. Sempre foi assim!
É então que devemos buscar em nós a causa dessa alegria teimosa, sobretudo quando somos provocados. Por mais pobre que um cristão seja, ele tem dentro de si algo que motiva a alegria. Ele não encontra essa alegria fora de si, mas somente dentro de si, em sua alma, onde olho humano não penetra. Temos, como Igreja, que voltar-nos sempre a essa fonte de alegria interior.
Que fonte é essa?
Aqui o profeta utiliza as expressões: "filha de Sião", "Israel", "filha de Jerusalém", "Jerusalém" e "Sião" para referir-se ao povo de Deus, que é a Igreja. Pois bem, o profeta comunica a alegria de Deus, da qual ele, ou seja, Deus, quer tornar a Igreja partícipe. A alegria parte de Deus em direção ao seu povo.
Este é o primeiro aspecto: Deus se alegra. Nós, cristãos, não temos um Deus impassível. Nosso Deus é alegre, deleita-se, ama apaixonadamente e regozija-se. Nosso Deus se revela neste texto como um noivo no dia de suas bodas, quando está tomado de alegria e nada mais quer senão sorrir, dançar, acariciar e abraçar satisfeito sua noiva, cheio de orgulho. Este é o Deus dos cristãos, diferente de todos os outros, que são divinos demais para cativarem alguém.
Depois, percebemos que o objeto da alegria de Deus não é si mesmo; ele não está contente consigo mesmo, com o que obteve para si. Ele está alegre pelo que fez à Igreja, ao redimi-la de todo o seu pecado, ao resgatá-la de seus dominadores, ao restaurar sua dignidade. Ele se apaixonou por ela em sua condição mais vil, em seu pior estado, quando não havia esperança alguma, somente morte. Por amor, ele a resgatou, deu-lhe banho, vestes, comida, bebida; curou suas feridas, embelezou-a, dignificou-a e, agora, vai desposá-la. Não tem vergonha de assumi-la por esposa. Ele está possuído de amor por ela e todo o seu empenho é torná-la feliz. Quem a amou feia e ultrajada, muito mais haverá de amá-la bonita, ornada e digna.
Portanto, a alegria de Deus é a Igreja. Ele encontra motivo para alegrar-se na Igreja. Ah, como seria bom se aprendêssemos a encontrar motivo de alegria no outro! 
O mundo se alegra pelo que é e tem. Raramente encontramos alguém que se alegra pelo que o outro é e tem. Ainda assim, fomos criados à imagem e semelhança de Deus, o Deus dos cristãos. É então que penso no quão diferentes de Deus o pecado nos tornou!
A alegria dos cristãos vem de Deus! Deus mesmo é sua fonte! É uma alegria mística, que sobrevive em meio aos terrores que são impostos aos cristãos pela carne, mundo e diabo.
"Ele se deleitará em ti com alegria" e "regozijar-se-á em ti com júbilo". Deus se alegra com sua Igreja!  
Que o mundo odeie a Igreja, que a persiga e mate. Deus continuará se alegrando com sua Igreja. 
Que o mundo venha e despreze a Igreja, dizendo que é hipócrita, tola e retrógrada. Deus continuará se alegrando com sua Igreja do mesmo jeito, com uma alegria perene.
Dessa alegria perene de Deus por sua amada Igreja deriva a alegria da Igreja. Embora ela seja desprezível aos olhos do mundo, quando está a sós com seu Amado, sente-se bela, amada e preciosa, verdadeira rainha. Quando seu Amado a toma em seus braços, ela é tudo! Nesse momento, o mundo não existe para ela.
É assim que os santos apóstolos estranhamente se alegraram por terem sofrido afrontas (Atos 16:41). Mesmo açoitados e presos, São Paulo e São Silas cantaram hinos (Atos 16:25). Como acabar com uma alegria que surge a partir da alegria de Deus pelo que se é?
Deus sabe de sua Igreja, ama-a e alegra-se por ela. Isso é mais que suficiente! Deus não erra e ninguém fará com que mude de opinião. É nisso que a Igreja deve ancorar-se para enfrentar o desprezo e acusações que lhe sobrevêm de todos os lados, inclusive de si mesma. Ainda que seu passado a atormente, ainda que não se sinta bela, mesmo que o mundo a considere desprezível, ela sabe que no recôndito do lar ela é bela, preciosa e MOTIVO de infinita alegria. 
A alegria da Igreja resulta da consciência de ser muito amada por Deus e de ser O motivo de sua alegria.

"Porque, como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão a ti; como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus" (Isaías 62:5).



Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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