sábado, 18 de julho de 2015

O ACALENTO DA UNIDADE


"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós" (João 17:20-21).

Depois do desabafo "O desamparo da individualidade", minha alma, mais afogueada que nunca, buscou um consolo em Deus. Como me livrar da individualidade? Onde posso sustentar minha esperança? Porque esse desejo, livrar-me da individualidade, não deve ser devaneio. Tenho a esperança de que minha vida com Deus me tenha trazido a esse desejo.
Foi então que me lembrei de dois artigos de fé: Santíssima Trindade e Comunhão dos Santos.
Como eu encontrei consolo nesses dois artigos de fé! No versículo acima, está um trecho da oração de Jesus antes de seu sacrifício, quando estava junto aos seus amigos, ceando com eles, despedindo-se deles.
Um dia não serei eu, mas junto à Santíssima Trindade e a todos os santos, serei um infinito nós.
Na Santíssima Trindade, confessamos três pessoas, mas não três indivíduos. Pai, Filho e Espírito Santo não estão desconectados, cada qual com sua existência, opinião, tarefa, projetos e dores. Tudo é vivenciado pelas três pessoas como por um único indivíduo. Não estão desamparados, sozinhos em si mesmos, como seria o caso de três amigos ou de três reis governando um império. Eles são um só indivíduo, com o mesmo pensamento, com o mesmo desejo, com os mesmos sentimentos, absolutamente um.
Mas Jesus pede ao Pai que a Cristandade seja uma com a Trindade Santa. É aqui onde me consolo. Um dia não serei eu, Carlos Leão, médico, esposo, amigo, filho, colega de trabalho, cidadão brasileiro, cidadão do mundo, luterano, membro da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, com uma personalidade única, com sonhos só meus, com projetos só meus, prostrado sob expectativas, olhares e julgamentos, mas deixarei de ser tudo isso, para ser um indivíduo com a Santa Igreja Cristã e com a Santíssima Trindade. É esta a esperança que guardo no coração para a eternidade com Deus. É esta a eternidade que eu anseio.
A partir desse meu consolo, intuo também a realidade do inferno: pessoas arrastando seus corpos e almas, sozinhas e perdidas em sua individualidade para sempre. Somente a expectativa disso me horroriza. Imagine viver para sempre a vida que temos aqui! Haveria tormento maior que esse? Acredito que não. E é exatamente isso o que penso com relação ao mal que há de vir sobre o mundo.



Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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