domingo, 22 de maio de 2016

DEUS: MISTÉRIO DE AMOR


Hoje quero refletir um pouco não sobre a Santíssima Trindade, mas sobre o meu Deus, o Deus dos cristãos e único Deus, Deus da revelação, esse Deus que é uno e trino. Nesse Deus eu creio!
Interessante é que, em todo ato litúrgico, sempre os verbos são conjugados na primeira pessoa do plural, exceto nos credos, em que cada qual afirma: Eu creio!
A fé nesse Deus uno e trino deve ser ousadamente professada por cada pessoa. Quem não crê nesse Deus uno e trino não o tem. Quem não tem esse Deus uno e trino não tem Deus algum. Neste ponto, nós, que somos cristãos, temos que ser categóricos. Embora haja no mundo inteiro algum conhecimento acerca de Deus, oriundo da razão, nosso Deus não é fruto da razão, mas da revelação. Aliás, a doutrina da Santíssima Trindade é a maior prova de que o Deus dos cristãos não é produto do intelecto, mas da revelação.
Eu creio! Não se diz: Eu entendo, eu concluo ou eu concordo. Simplesmente se diz: eu creio! Não posso entender, por isso digo que creio.
Eu creio no Deus da revelação. A razão natural não poderia jamais chegar ao conhecimento do verdadeiro Deus. É necessário, portanto, que esse Deus se revele ao homem.
Creio que Deus é um ser pessoal. Ele pensa, agrada-se, desagrada-se, tem sentimentos e vontade. Não conhecemos nada sobre sua essência. "Deus é espírito" (S. João 4:24), mas não sabemos o que isso significa. Portanto, Deus é um ser inescrutável em sua essência. Obviamente, se não posso saber nada de sua essência, muito menos saberei como sentimentos, pensamentos e vontade subsistem nele. No entanto, uma coisa se pode dizer, com base na revelação: Deus é um ser pessoal. Por isso, não creio no Deus impessoal de Aristóteles. Deus não é primeiro motor, primeiro princípio ou pensamento que pensa a si mesmo. Nisto eu não creio! Deus é um ser pessoal que me ama e me quer.
Creio que Deus é absolutamente um, não com base na filosofia, mas com base na revelação: "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR" (Deuteronômio 6:4); "Eu sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus" (Isaías 45:5); "porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timoteo 2:5). A essência de Deus é única e incognoscível. 
Creio que Deus é um só, porém subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Uma só essência sublime e imperscrutável é encontrada no Pai, no Filho e no Espírito Santo, de acordo com a revelação: "Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros" (Êxodo 3:14); "por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados" (S. João 8:24); "mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que está nele? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus" (1 Coríntios 2:10-11); "ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (S. Mateus 28:19). Creio que o Pai é Deus, que o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus, não obstante haja um só Deus, uma única essência divina. Não creio que há três Deuses idênticos ou três indivíduos, mas um só Deus indiviso. Novamente quero lembrar que eu creio! Não tenho condições de compreender isso.
Creio que o único Deus é revelado através do Filho, que se encarnou. Obviamente, não é a razão que me fez chegar a uma conclusão tão absurda. Eu creio! Eu creio que Jesus Cristo é verdadeiro homem, igual a mim e você, exceto no pecado, e verdadeiro Deus, igual ao Pai e ao Espírito Santo. Ele revela o Deus abscôndito através de sua humanidade. É por causa do homem Jesus que conhecemos a paternidade de Deus, seu amor, ternura, olhar, lágrimas, paciência e vontade. Não há outro modo de se chegar a Deus senão por Jesus Cristo, Deus encarnado, Deus que se torna um de nós sem deixar de ser quem é.
Deus já havia se tornado manifesto antes de sua encarnação, quando se revelou a Abrão, a seu filho Isaque e a seu neto, Jacó. Deu prosseguimento à sua revelação ao povo que nasceu de Jacó, o povo hebreu. Durante essa era, Deus se manifestou como homem, como fenômenos estupendos, como Anjo do SENHOR, como cicio suave, como tabernáculo e Templo, como reis, profetas e sacerdotes do povo. Tudo isso lhe deu "corpo", para que pudesse interagir conosco. Por fim, encarnou-se na pessoa de Jesus Cristo, tornando-se plenamente visível, palpável e passível de ser recebido e fruído. 
Fora do homem Jesus Cristo, nada é possível saber sobre Deus. Fora do homem Jesus Cristo, é impossível relacionar-se com Deus, recebê-lo, fruí-lo e permanecer nele. Fora do homem Jesus Cristo, não temos Deus algum, substância divina alguma, mas apenas uma tese. Por isso, disse Jesus: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (S. João 14:6).
Creio que a encarnação do Filho ergueu a Deus nossa condição precária. Ao encarnar-se, Deus nos divinizou. Participamos de Deus graças à humanidade do Filho, ainda que jamais entendamos o que é isso. Ao tornar-se homem, o Filho nos tornou Deus. Portanto, creio que somos um só ser com Deus. Assim orou Jesus: "Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos" (S. João 17:22). Participamos da glória de Deus, através do homem Jesus Cristo. É um mistério insondável, mas o simples conceito de deificação do homem nos permite vislumbrar a intimidade que há entre o homem e Deus, entre a Igreja e seu esposo. Esse conceito nos faz considerar cada homem um ser sagrado, tão sagrado quanto o próprio Deus, visto que no homem Jesus estão todos os homens, sem exceção alguma. Neste sentido é que devemos entender as palavras de Jesus: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também" (S. João 14:3).
No entanto, não sou panteísta. Nossa deificação se dá através da encarnação de Deus. Não creio que Deus está em minha carne, mas que minha carne está em Deus, por intermédio do homem Jesus. Deus não nos criou deuses, mas nos recebeu graciosamente em si mesmo. Portanto, a deificação humana na qual creio não é algo necessário, mas voluntário e por amor. Trata-se de uma glória transmitida, não inerente, natural ou essencial.
Creio que o Espírito Santo é quem permite à nossa humanidade comungar a de Cristo. Sem o Espírito Santo, não teríamos comunhão com Cristo. Sem Cristo, não teríamos comunhão com Deus e estaríamos alheios à sua vida para sempre. São Paulo declara: "Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito" (1 Coríntios 12:12-13). Portanto, o Espírito Santo é que possibilita a comunhão entre a humanidade e a Divindade: "Há somente um corpo e um Espírito" (Efésios 4:4).
Por fim, creio que sou morada do Deus uno e trino, conforme a revelação de Jesus: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (S. João 14:23). Também tenho S. Paulo a me ensinar: "Não sabeis que sois santuários de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado" (1 Coríntios 3:16-17).
Diante de tão assombroso mistério de amor, a única palavra que posso dizer é: Amém! Que assim seja!

Autoria: Carlos Alberto Leão
Imagem extraída da internet.




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