quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

SEGREDOS DE UMA ORAÇÃO PODEROSA


"Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Porque todos aqueles que pedem recebem" (S. Mateus 7:7).

Deus é muito bom conosco ao nos ordenar que oremos. Equivale a ordenar que comamos, bebamos, que nos lavemos e que durmamos.
É tão bom poder desabafar com alguém, sem nenhuma reserva! Que alívio nos traz apresentar todas as nossas inquietações, erros, fracassos, sem temer rejeição ou julgamento!
Deus é discreto. Deus é o melhor ouvinte que existe. Consola-nos como ninguém, sem necessidade de palavra. Ele não nos rejeita nunca. Por isso Deus é sempre o melhor amigo.
Ele nos ordenou a oração, mesmo conhecendo nossas necessidades e desejos. Ele quer que falemos sobre coisas que ele já conhece desde a eternidade. Por quê?
A oração não é proveitosa para Deus. Nada é proveitoso para ele, pois Deus é suficiente a si mesmo. De forma alguma ele necessita de nós. Quando quer, torna-nos necessários. Mas somente quando quer. Entretanto, a oração é muito proveitosa para nós. A própria experiência nos ensina isso. Quem é que nunca orou por necessidade? Até mesmo os ateus oram, quando estão desesperados.
A oração nos é proveitosa porque através dela refletimos acerca de nós mesmos, damos vazão às nossas angústias, verbalizamos nossos sentimentos, organizamos nossas ideias, exercitamos a humildade e a paciência. Através da oração, reafirmamos a nós mesmos que temos Deus e que não confiamos em nossa força.
Deus também nos fala através dela. Enquanto oramos, os pensamentos tendem a se tornar mais claros e coerentes. O informe vai ganhando forma. As respostas socorrem nossas mentes angustiadas. De repente, começa a ganhar sentido o que antes não tinha. É Deus falando conosco através da oração!
Acredito que a oração desorganizada e entrecortada por silêncio, suspiros e choro seja a melhor oração, porque ali Deus está dialogando conosco. A nossa fala é cortada por pensamentos, lágrimas e gemidos, por meio dos quais Deus está a nos falar coisas preciosas. Esse falar de Deus nem sempre é claro, mas muito poderoso e transformador. É por isso que saímos da prece renovados e animados a continuar. Deus nos comunicou coisas que não podemos informar ou reproduzir, porque são sensações, impressões, discernimento, paz e sentimentos. Deus não precisa de palavras para falar conosco. Portanto, o que se dá numa oração muitas vezes é inenarrável.
Lutero disse o seguinte a respeito: "Muitas vezes acontece que, em alguma parte ou petição do Pai-Nosso, chego a delongar-me em pensamentos tão ricos, que deixo de lado as outras seis. E quando vêm tais pensamentos ricos e bons, deve-se deixar de lado as outras preces e dar lugar a esses pensamentos e ouvi-los em silêncio, não os impedindo de modo algum; pois ali está pregando o próprio Espírito Santo. E uma palavra de sua pregação é melhor do que mil orações nossas. Assim também, frequentemente, aprendi mais em uma só oração do que poderia ter conseguido com muita leitura e reflexão" (Uma singela forma de orar, para um bom amigo).
Portanto, a oração é para nós. Nunca para Deus! Definitivamente, ele não precisa nos ouvir.
Agora pergunto: Por que oramos tão pouco e por que é tão enfadonho?
Muito do cansaço que sentimos na oração está na sua artificialidade. Para orar, não é necessário que se tenha hora marcada ou local específico. A oração deve ser sempre voluntária e espontânea.
As orações também não precisam ser bonitas e teologicamente impecáveis. Temos que ser o mais sinceros e abertos que pudermos. Não deve haver essa preocupação quanto à escolha das palavras. Quem de nós fica escolhendo palavras para falar com um amigo ou com o pai? Com Deus, as palavras devem fluir naturalmente. Inclusive revolta, medo, desespero, dúvida e decepção não devem ser dissimulados. Tudo isso é muito conhecido por Deus e não devemos deixar de expor tais sentimentos em nossas preces.
Também não devemos nos ater a uma regra fixa ou roteiro. Por exemplo, primeiro glorificamos, depois agradecemos e, por fim, pedimos. Não há regras! Simplesmente fale ou pense livremente, na hora que quiser e o quanto quiser.
A oração não precisa ser longa. Uma oração curta, com uma dúzia de palavras, pode valer mais que uma noite inteira de vigília. Não devemos nos cansar com palavrórios, achando que nosso muito falar irá fazer com que Deus nos atenda.
"Nas suas orações, não fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas" (S. Mateus 6:7).
Embora a oração não precise ser longa, é necessário que seja frequente. A vida cristã deve ser uma vida orante ou contemplativa, porque Deus está em tudo o que acontece. Ele se "esconde" ou se "revela" por meio de todas as situações cotidianas. Através das questões do dia a dia, Deus nos indaga, desafia e encoraja. Como responder-lhe ou questioná-lo? Orando!
Portanto, ao longo do dia, converse com Deus. Pare por alguns instantes, converse, reflita. Depois retome seu trabalho. 
Está no metrô ou ônibus? Retire os fones de ouvido e pense o quanto quiser, sem pressa para o "amém". Permita que os pensamentos venham. É Deus falando com você!
Sentiu algo bom? Agradeça! Aprendeu algo? Agradeça! Está angustiado? Vá para um canto e chore. As lágrimas também oram!
Não torne essas orações algo cansativo.  Fale ou pense o quanto você quiser, mesmo que muito pouco, mas ore sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17). 
O silêncio também é fundamental e devemos buscá-lo. "Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai" (S. Mateus 6:5).
O silêncio exterior é incontrolável, mas o silêncio interior depende de nós. Portanto, é necessário que nos concentremos, enquanto oramos. Caso contrário, é melhor não orar.
Por fim e o mais importante: oração requer fé, ou seja, verdadeira confiança em Deus.  
"Por isso eu afirmo a vocês: quando vocês orarem e pedirem alguma coisa, creiam que já a receberam, e assim tudo lhes será dado" (S. Marcos 11: 24). 
É necessário crer que Deus de fato ouviu e confiar nele. Caso contrário, não descansaremos. Se a dúvida quanto a isso pairar, sugiro que a oração não seja concluída e fique em aberto. Assim, uma oração poderá demorar dias ou semanas, quem sabe meses. Não encerre sua oração com o "amém" sem ter certeza que foi ouvido.
Muito me impressiona o testemunho de Ana (1 Samuel 1:1-18). A Bíblia diz que ela orou em silêncio, enquanto as lágrimas caíam. No momento, porém, em que teve certeza que foi ouvida por Deus, enxugou suas lágrimas, voltou a comer e não mais se entristeceu. Eis um grande testemunho de fé! Ana descansou em sua certeza.
Quando finalmente tiver certeza que foi ouvido, diga "amém" e descanse.
Veja você porque fugimos tanto da oração, quando deveríamos, ao contrário, refugiar-nos sempre nela, cheios de gratidão. É que quando a oração se torna um exercício, uma obrigação ou obra meritória, deixa de ser voluntária. Tudo o que não é voluntário, não nos agrada, é maçante e não tem amor. 
Cuide para que sua oração não seja um sacrifício de obras. Deus só aceita um tipo de sacrifício: O sacrifício de louvor."O que me oferece SACRIFÍCIO DE AÇÕES DE GRAÇAS, esse me glorificará"(Salmo 50). Somente esse sacrifício o agrada, pois é movido por verdadeira gratidão. 
Tenhamos sempre em mente que Deus não quer palavras, mas contrição, confiança, boa vontade, gratidão. Enfim, Deus quer fé.
Vivamos pela fé. Somente ela dá sentido ao que fazemos.
Não tornemos a oração uma obrigação ou um fardo. Ela existe para nosso uso e bem. 
Quantas vezes um filho fez algo errado, o pai sabe disso, mesmo assim o provoca com alguma pergunta, como se não soubesse? Assim é Deus conosco. Ele sabe de tudo, mas ele deseja que saibamos também. E como nos provoca? 
Deixo esta pergunta e conclusão para você...





Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

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