quinta-feira, 12 de outubro de 2017

A EUCARISTIA DE SÃO JUSTINO MÁRTIR - PARTE 2

"Deus, portanto, testemunha que lhe são agradáveis todos os sacrifícios que lhe são oferecidos em nome de Jesus Cristo, os sacrifícios que este nos mandou oferecer, isto é, os da Eucaristia do pão e do vinho, que os cristãos celebram em todo lugar da terra. (...) Concordo que as orações e ações de graças feitas por homens dignos são os únicos sacrifícios perfeitos e agradáveis a Deus. São justamente apenas esses que os cristãos aprenderam a oferecer na comemoração do pão e do vinho, na qual se recorda a paixão que o Filho de Deus sofreu por eles" (São Justino, Diálogo com Trifão, Editora Paulus).



São Justino mártir, em harmonia com seus contemporâneos, entendia a Eucaristia como sendo um novo sacrifício, um sacrifício universal de ação de graças, muito superior aos da Antiga Aliança. Essa visão sacrifical é, de fato, uma doutrina católica, que nós, luteranos, não devemos temer, desde que bem explicada e entendida.
Para São Justino, a Eucaristia não é uma obra que se presta a Deus com o objetivo de obter mérito ou indulgência. Não é um sacrifício que se rende a um Deus irado com o intuito de reconciliá-lo. Além disso, a oferta não consiste em pão e vinho, corpo e sangue de Cristo. Para São Justino, a oferta consiste em orações e louvor. Ele, inclusive, deixa claro que os ÚNICOS sacrifícios agradáveis a Deus são estes. 
Consoante a isso, pode-se afirmar que a oferta eucarística não é propriamente do sacerdote, mas de toda a Igreja que, em uso de seu sacerdócio comum, ora e louva. 
A razão de orarmos e louvarmos não é a obtenção de méritos perante Deus. A nossa pobreza e o amor ao Cristo que se doa por nós, para nos enriquecer, devem ser a verdadeira motivação a participarmos do pão e do vinho, do corpo e do sangue.

Quero concluir a reflexão de hoje com a Apologia da Confissão de Augsburgo


"E este é o uso principal do Sacramento, no qual se torna aparente quem é idôneo para o Sacramento, a saber, as consciências aterrorizadas, e de que maneira devem fazer uso dele. TAMBÉM É ADICIONADO O SACRIFÍCIO. Pois há pluralidade de fins para uma mesma coisa. Depois que a consciência, erigida pela fé, percebeu de que terrores é libertada, então, deveras, agradece seriamente pelo benefício e pela paixão de Cristo, e faz uso da própria cerimônia para louvor de Deus, a fim de, com essa obediência, mostrar gratidão, e testemunha que magnifica os dons de Deus. DESSA MANEIRA, A CERIMÔNIA SE TORNA SACRIFÍCIO DE LOUVOR" (Artigo XXIV, parágrafo 74).

Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet. 

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