Santa Luzia,
teu firme passo
lesto movia-se
ao régio paço.
Tarde tão fria
medo inspirava.
Santa Luzia!
Santa Luzia!
Foste inquirida,
mas não negaste
a fé querida,
que tanto amaste.
Quem, lisonjeiro,
te prometia
bens passageiros,
teu fim urdia.
Tão resoluta,
tu recusaste
obra poluta
que te afastasse
do Deus eterno,
que merecia
amor sincero,
Santa Luzia!
Virgem soldada,
dor enfrentaste.
Supliciada,
não te calaste.
Teu corpo frágil
não demovia
a quem Pascásio
obedecia.
Teus pés pesados,
quais um penedo,
a mil malvados
causaram medo.
Pois que firmeza
tal sugeria!
Firme certeza,
Santa Luzia!
Flor delicada,
em pez fervida.
Com o fio da espada,
foste colhida.
Benta garganta,
que ainda anuncia
Palavra Santa,
doce Luzia!
Essa garganta,
que trespassada,
ao mundo espanta,
pois proclamava
o fim das trevas
da idolatria.
Santa Luzia!
Santa Luzia!
O Céu descortinou.
Teu casamento
um coro anunciou,
findo o tormento.
Ao Corpo e Sangue
de Cristo unias
teu corpo exangue,
Santa Luzia!
Autoria: Carlos Alberto Leão
Poema baseado na Legenda Áurea (Jacopo de Varazze)
Imagem retirada da internet.