quinta-feira, 23 de abril de 2015

Suscepit Israel puerum suum recordatus misericordiae suae - Ele acolheu Israel, seu servo, depois de ter-se lembrado de sua misericórdia



"Após ter falado das obras que Deus realizou nela e em todos os seres humanos, Maria volta ao primeiro ponto, encerrando o Magnificat com a maior obra de Deus: a humanização do Filho de Deus. Ela confessa espontaneamente que é uma criada e serviçal de todo o mundo. Admite que a obra realizada nela não beneficia somente a ela, mas a todo o povo de Israel. No entanto, divide Israel em duas partes e refere-se apenas àquela parcela que serve a Deus. Ninguém serve a Deus senão aquele que deixa Ele ser Deus e permite que suas obras atuem nele (...).
Em favor desse Israel que serve a Deus vem a humanização de Cristo. Esse é seu próprio povo amado, por amor ao qual Deus se tornou humano, para salvá-lo do poder do diabo, do pecado, da morte, do inferno e para levá-lo à justiça, à vida eterna e à bem-aventurança. Este é o "acolher" de que fala Maria (...). Estes são os tesouros da inexplicável misericórdia divina, que não recebemos por merecimento, mas exclusivamente por graça. Por isso Maria diz: "Lembrou-se de sua misericórdia" e não: Lembrou-se de nosso mérito ou dignidade. Éramos necessitados, mas totalmente indignos. Nisso consistem seu louvor e sua honra (...). Ele queria tornar conhecida esta misericórdia. Mas por que Maria diz "ele se lembrou de sua misericórdia" e não "ele contemplou"? Porque Deus a tinha prometido (...). Ora, ele demorou muito em concedê-la. Parecia que a tinha esquecido (como, aliás, acontece com todas as suas obras, como se nos tivesse esquecido). Porém, quando apareceu, ficou claro que não a havia esquecido. Havia pensado constantemente em cumpri-la.
É verdade que a palavra "Israel" refere-se apenas aos judeus - e não aos gentios. Mas como eles não o quiseram, Deus escolheu alguns dentre eles para fazer jus ao nome "Israel", constituindo assim um Israel espiritual. Isso fica claro em Gênesis 32:25, quando o santo patriarca Jacó lutou com o anjo e este paralisou sua anca. Com isso quis dizer que, de agora em diante, seus filhos não mais deveriam vangloriar-se de seu nascimento físico, como fazem os filhos dos judeus. Naquele momento, Jacó recebeu o nome de Israel, como patriarca que não seria apenas Jacó, pai dos filhos corporais, mas também Israel, pai dos filhos espirituais. Isso corresponde ao sentido da palavra "Israel", pois significa "senhor de Deus". É um nome muitíssimo nobre e santo e contém em si o grande milagre de que, pela graça divina, um homem chegou a ter domínio sobre Deus, de modo que Deus faz o que o ser humano quer. Conforme podemos verificar, por meio de Cristo a cristandade se uniu de tal forma com Deus como uma noiva com seu noivo. A noiva tem direito e domínio sobre o corpo do noivo e sobre tudo o que ele possui. Tudo isso aconteceu por meio da fé. Então o ser humano faz o que Deus quer. E, por outro lado, Deus faz o que o ser humano quer. Assim Israel é uma pessoa que tem a aparência de um deus e que tem poder sobre Deus. Em Deus, com Deus e através de Deus, ele é capaz de fazer todas as coisas (...)". (Dr. Martinho Lutero). Os grifos são meus.
Vídeo retirado do Youtube.

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