quinta-feira, 2 de abril de 2015

Magnificat - Introdução


"Se queremos entender este santo cântico de louvor, precisamos levar em conta que a virgem Maria, muito louvada, fala de experiência própria. Ela foi iluminada e instruída pelo Espírito Santo. Ninguém é capaz de entender corretamente Deus ou a Palavra de Deus se não for com a ajuda do Espírito Santo. Mas de nada adianta essa ajuda se a pessoa não experimenta, sente ou percebe o Espírito Santo. Nessa experiência, o Espírito ensina como em sua própria escola. Fora dela não se ensina além de palavras soberbas e de conversa fiada. Este é o caso da virgem Maria. Ela própria experimentou que Deus fez grandes coisas nela, mesmo ela tendo sido uma pessoa sem importância, pobre e desprezada. O Espírito Santo ensina à virgem esta rica sabedoria: Deus é um Senhor que não faz outra coisa do que engrandecer o que é humilde, de rebaixar o que é grande, enfim, de quebrar o que está feito e de refazer o que está quebrado. 
No princípio, Deus criou o mundo do nada (por isso é chamado de Criador Todo-Poderoso). E ele não mudou sua maneira de agir: até o fim do mundo ele quer transformar tudo aquilo que é insignificante, desprezado, miserável e morto em algo precioso, honrado, bem-aventurado e vivo. Por outro lado, ele quer reduzir tudo aquilo que é alguma coisa, que é precioso, honrado, bem-aventurado e vivo a nada, a algo desprezado, miserável e moribundo. Nenhuma criatura pode agir assim; ninguém é capaz de criar algo do nada. É esta a razão por que os olhos de Deus olham somente para baixo, nunca para o alto (...). Já que Deus é aquele que está mais alto e nada existe acima dele, ele não pode olhar para além de si. Também não pode olhar para os lados, porque ninguém é igual a ele. Por isso, precisa olhar fatalmente para si mesmo e para baixo. Quanto mais baixo alguém está, tanto melhor Deus o enxerga. Os olhos do mundo e dos seres humanos fazem o contrário: olham somente para cima e querem erguer-se a todo custo (...). Quando constatamos que ele é um Deus que olha para baixo e ajuda somente os pobres, desprezados, miseráveis, desgraçados, abandonados e aqueles que não são nada, ele se torna muito querido. O coração está possuído de alegria, pula e salta por causa da grande estima que recebeu em Deus (...). Também a doce mãe de Cristo nos ensina aqui, através de sua própria experiência e por meio de palavras, como se deve conhecer, amar e louvar a Deus. Ela se vangloria e louva Deus com um espírito alegre. Diz que ele tinha olhado para ela, uma pessoa humilde e sem nenhuma importância. Por isso, deve-se pressupor que ela tivera pais pobres, desprezados e humildes (...). Maria não era filha de gente importante em Nazaré, sua cidade natal, mas de um cidadão simples e pobre. Não tinha nenhuma importância e nem estima pessoal (...). Não era nada diferente de uma pobre doméstica de hoje, que faz o que é mandado.
Isaías 11.1 profetizou: "Do tronco de Jessé nascerá um rebento, e de sua raiz brotará uma flor sobre a qual repousará o Espírito". O "tronco" ou a "raiz" é a geração de Jessé ou Davi, especificamente a virgem Maria. O "rebento" ou a "flor" é Cristo. Não é provável, muito antes inacreditável, que de um tronco seco e de uma raiz podre brotem um ramo bonito e uma linda flor. Logo também não era de esperar que a virgem Maria fosse mãe de um filho tão importante. Acredito que ela é chamada de "tronco" ou "raiz" não somente por ter sido mãe de forma sobrenatural, como virgem, mas porque é sobrenatural que de um tronco morto nasça um broto". (Dr. Martinho Lutero). Os grifos são meus.
Vídeo extraído do Youtube.

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