terça-feira, 21 de abril de 2015

Esurientes implevit bonis et divites dimisit inanes - Saciou os famintos de bens e os ricos deixou vazios



"A quinta e sexta obras: Como foi dito antes, "os que estão por baixo" não são as pessoas de aspecto insignificante e desprezado. São aquelas que aceitam com prazer essa condição, sobretudo quando são forçadas a ela por amor à Palavra de Deus ou à justiça. De modo semelhante, também os "famintos" não podem ser aqueles que têm pouca ou nenhuma comida. São aqueles que sofrem provações espontaneamente, em especial quando são forçados a isso por outras pessoas com violência, por amor à Palavra de Deus ou à verdade. Quem é mais baixo, nulo e indigente do que o diabo e os condenados, além daqueles que são torturados por causa de seus crimes,  dos que morrem de fome, dos assassinos e todos os que vivem em humilhação e necessidade contra sua vontade? Mesmo assim, isso não os beneficia, antes multiplica e aumenta sua miséria. Não é desses que a mãe de Deus fala, mas daqueles que são um com Deus e Deus com eles, os que creem e confiam nele.
Por outro lado, que obstáculo representa para os santos pais Abraão, Isaque e Jacó a sua riqueza? Que estorvo é para Davi seu trono, para Daniel seu poder sobre a Babilônia? Que problema significa para todos a ocupação de altos cargos ou a posse de grandes riquezas, se seu coração não está preso a elas, nem procura nelas seus próprios interesses? (...)Deus não julga conforme as aparências e formas externas, se são ricos, pobres, se estão em posições altas ou baixas, mas segundo o espírito, como se comportam nessas condições. Essas formas e diferenças nas pessoas e posições têm que continuar na terra enquanto durar esta vida. Mas o coração não deve agarrar-se a essas coisas, nem fugir delas. Não deve apegar-se ao elevado e rico, nem evitar o baixo e pobre (...).
A exemplo das obras mencionadas antes, também estas acontecem em segredo, de modo que ninguém as percebe até o fim. Uma pessoa rica não se dá conta do seu imenso vazio e miséria, a não ser que morra de outra forma. Então nota que toda sua fortuna não foi absolutamente nada (...). Por outro lado, os famintos não sabem o quanto estão saciados até que se aproxima o fim. Então se deparam com a palavra de Cristo em Lucas 6:21: "Bem-aventurados os famintos e sedentos, pois serão fartos". E com a consoladora promessa da mãe de Deus: "Encheu de bens os famintos" (...).
A descrença enfadonha sempre atrapalha, de modo que Deus não pode realizar essas obras em nós. E nós não a podemos experimentar e reconhecer. Queremos estar satisfeitos e ter o suficiente de tudo antes que venham a fome e a carência. Queremos arrumar alimentos para a fome e a carência futuras, de maneira que não temos mais necessidade de Deus e suas obras. Que fé é essa que confia em Deus enquanto você sente e sabe que há reservas para o caso de dificuldade? (...). Com isso nos tornamos indignos de ouvir e compreender essa consoladora promessa de Deus de que ele exalta os humildes, rebaixa os grandes, sacia os famintos, deixa vazios os ricos (...).
Em todos os casos, é preciso pôr sua palavra à prova e arriscar algo com base nela. Pois Maria não diz: "Encheu de bens os saturados, exaltou os grandes", mas: "encheu de bens os famintos", "exaltou os humildes". Você tem que ter experimentado a carência em meio à fome e ter sentido o que é fome e necessidade, de maneira que não haja mantimento e ajuda, nem sua própria, nem junto a outros. Somente junto a Deus, para que a obra, impossível para todos os demais, seja exclusiva de Deus. De igual modo, você não deve somente pensar e falar de humilhação. Tem que entrar nela, estar metido nela, não pode contar com a ajuda de ninguém, para que Deus possa agir sozinho (...).
Olha que grande consolo: não uma pessoa humana, mas o próprio Deus enche de (bens) o faminto e o sacia (...). (Dr. Martinho Lutero). Os grifos são meus.
Vídeo extraído do Youtube.

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