Graças ao bom Deus, podemos dizer que hoje as três principais vertentes do cristianismo ocidental professam a justificação somente pela fé. Luteranos, romanos e reformados professamos juntos a mesma coisa. Entretanto, é necessário que divisemos bem o pensamento verdadeiramente luterano acerca do que é a fé, pois não há um consenso entre todos.
Como reformados confundem Lei e Evangelho, imaginando o Evangelho como sendo uma nova Lei, em que Deus ordena a conversão, concebem a fé como sendo obediência ao Evangelho. Sabemos bem que o Evangelho não exige nada, não ordena nada, nem sequer a conversão. Quem exige a conversão é sempre a Lei, ainda que proferida pela boca de Cristo. Nós professamos que o Evangelho apenas dá, ele nunca cobra nada, nunca! De maneira que a fé não deve ter uma conotação legalista. Ela deve ser, antes, uma resposta à graça de Deus, ou seja, ao seu oferecimento gratuito.
Deus oferece a remissão dos pecados, a fé aceita. A fé é entendida no luteranismo como uma resposta positiva a Deus, em que a vontade humana se volta a ele e deseja ardentemente receber o que ele quer dar. Neste aspecto, nós, luteranos, nos aproximamos dos romanos, que também argumentam ser a fé uma resposta humana à graça divina. Nós, porém, nos distanciamos dos romanos ao entender que a fé é uma resposta sobrenatural.
Os romanos entendem a fé como algo que é próprio da natureza humana. Este, aliás, é o princípio sinergista que também encontramos entre protestantes. Segundo eles, o homem possui uma capacidade natural de responder favoravelmente ao amor de Deus.
Embora o Catecismo da Igreja Católica defina a fé como "virtude sobrenatural" infundida por Deus (parágrafo 153), predomina nele claramente a ideia de fé como produto da natureza humana: "Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: 'Credere est actus intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis a Deo motae per gratiam - Crer é um ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus através da graça'" (parágrafo 155); "crer é um ato humano, consciente e livre, que corresponde à dignidade da pessoa humana"(parágrafo 180). Aliás, seria impossível atender à proposta sinergista da Igreja de Roma se fé não fosse um produto da natureza humana. Para ser salvo, o homem terá que contribuir com algo que é seu, ainda que auxiliado pela graça de Deus. Ambiguidades à parte, é exatamente isso que a Igreja de Roma ensina.
Embora o Catecismo da Igreja Católica defina a fé como "virtude sobrenatural" infundida por Deus (parágrafo 153), predomina nele claramente a ideia de fé como produto da natureza humana: "Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: 'Credere est actus intellectus assentientis veritati divinae ex imperio voluntatis a Deo motae per gratiam - Crer é um ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus através da graça'" (parágrafo 155); "crer é um ato humano, consciente e livre, que corresponde à dignidade da pessoa humana"(parágrafo 180). Aliás, seria impossível atender à proposta sinergista da Igreja de Roma se fé não fosse um produto da natureza humana. Para ser salvo, o homem terá que contribuir com algo que é seu, ainda que auxiliado pela graça de Deus. Ambiguidades à parte, é exatamente isso que a Igreja de Roma ensina.
O luteranismo não aceita essa ideia sinergista de que a fé é algo próprio da natureza humana. Sustentamos que a fé não está na natureza humana, ou seja, a fé não é algo NATURAL. Ela é essencialmente sobrenatural. O homem é, por natureza, dotado de razão, de intelecto, de vontade, mas não de fé. Somente Deus pode operar a fé no coração humano. Portanto, Deus antecede a resposta humana, dando ao homem um coração que lhe seja propício, que possa lhe responder favoravelmente.
Destacamos que a fé não é apenas uma vontade, uma ideia ou uma confissão, mas uma resposta que envolve todas as dimensões do ser e que determina a verdadeira conversão. Isso a razão é incapaz de fazer.
Nós cremos no livre-arbítrio, afinal ninguém é forçado por Deus a desejá-lo. Mas entendemos que o arbítrio humano só decide por Deus quando transformado ou regenerado pela fé, sendo que esta não é algo próprio da natureza humana. Estando ela presente, o homem voluntariamente se aproxima de Deus. Em estando ausente, o homem voluntariamente se distancia. Portanto, a fé não coincide com a vontade, mas a antecede.
Nós cremos no livre-arbítrio, afinal ninguém é forçado por Deus a desejá-lo. Mas entendemos que o arbítrio humano só decide por Deus quando transformado ou regenerado pela fé, sendo que esta não é algo próprio da natureza humana. Estando ela presente, o homem voluntariamente se aproxima de Deus. Em estando ausente, o homem voluntariamente se distancia. Portanto, a fé não coincide com a vontade, mas a antecede.
"Mas onde estava meu livre-arbítrio durante tantos anos? De que profundo e misterioso abismo foi ele chamado, para que eu sujeitasse a cerviz a teu jugo suave e o ombro a teu leve peso, ó Cristo Jesus, meu auxílio e redenção?" (Confissões, Santo Agostinho).
Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.
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