domingo, 18 de dezembro de 2016

COMO PROFESSAMOS A PRESENÇA DE CRISTO?

"E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século" (São Mateus 28:20).


A presença de Cristo na intimidade da Igreja é sua presença através da Palavra, a mesma que está presente na Bíblia, na Pregação, no Batismo, na Eucaristia e na absolvição.
Cristo é a Eterna Palavra de Deus. Quando o profeta Isaías diz: "a Palavra de Deus permanece eternamente" (Isaías 40:8), não devemos entender a Palavra de Deus como sendo uma profecia, um texto ou algo do tipo, algo que diz respeito à linguagem humana e é temporal, mas como sendo algo inerente ao próprio Deus e essencialmente Deus, pois só Deus é eterno. Foi S. João que clarificou isso para nós, ensinando que a Palavra de Deus é essencialmente Deus (S. João 1:1) e é um ser pessoal, o próprio Cristo (S. João 1:14).
Cristo está presente em sua Igreja porque é a Palavra de Deus. Os nossos ouvidos e intelecto lidam com palavras e com sinais, mas é o próprio Cristo, que é a Eterna Palavra de Deus, que lida conosco. Enquanto as palavras do texto, as palavras pregadas, o pão, o vinho e a água alcançam e movem nossos sentidos e intelecto, o próprio Cristo vem lidar misticamente conosco, transformando-nos profundamente. Portanto, há dois receptáculos: o intelecto para as palavras e para os sinais, a fé para o próprio Cristo que nos vem como Palavra de Deus.
Como nos explicou tão bem Rodrigo Moreira de Almeida, em seus dois textos sobre o assunto (*), o misticismo luterano se fundamenta nessa Palavra de Deus que se encontra na Pregação e nos sacramentos. Para o verdadeiro luterano, a Pregação não é uma simples exposição doutrinária ou catequese, assim como a Eucaristia e o Batismo não são meros ritos, mas veículos da Palavra de Deus, que é o próprio Cristo. De maneira que a experiência com a Pregação e com os sacramentos é uma experiência mística com o próprio Cristo, presente em sua Igreja. 
Quando afirmamos que Cristo se faz presente em sua Palavra, muitos imaginam uma presença metafórica, como aquela produzida pela saudade, em que não há uma presença de fato. Assim como um filho que perdeu a mãe diz que, em seu coração, sua mãe está sempre presente, muitos imaginam que Cristo está presente dessa maneira na Igreja. Isso não é verdade! Lutero combateu muito esse princípio que coloca Cristo longe de nós, presente conosco apenas histórica e simbolicamente.
Cristo está de fato presente entre nós e este é o principal consolo que temos. Sua presença é como Palavra de Deus, algo ininteligível, somente crível. Não queira divagar sobre a natureza de Cristo em tal presença, apenas creia nela e seja consolado.

Autoria: Carlos Alberto Leão.
Imagem extraída da internet.

Referência:
(*) 
http://itinerariodeumluterano.blogspot.com.br/2016/09/o-lugar-da-mistica-na-igreja-luterana.html 

http://itinerariodeumluterano.blogspot.com.br/2016/11/o-lugar-da-mistica-na-igreja-luterana.html

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